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{ Tag Archives } literatura

Citação do dia :

“Dois arqueiros estão face a face. Ao lado de cada um, um alvo. O arqueiro pode disparar no alvo ou no outro arqueiro. Se atirar no alvo e acertar a mosca, ganha mas morre porque o outro arqueiro atirará em você. Se flechar o arqueiro mata-o, – mas perde!, – porque errou o alvo!”

( Paulo Leminski )

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Começei a ler CATATAU de Paulo Leminski , aqui vão pequenos fragmentos :

“A figura é figurada. Desvidrome. Não reperesenta o que apresenta. Em outras palavras são outra coisa. ( Página 23 )
Terror, a diferença exata entre o ser e o parecer: a revelação é de arrepiar o capinzal do cocoruto! ( Página 167 ) .”

( Paulo Leminski )

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Li este final de semana um texto de Jorge Luís Borges ( que ficou de fora das Obras Completas ) chamado “O Querer Ser Outro” . O escrito fala sobre um sujeito , chamado B que quer ser outro sujeito denominado N. Mas isto é impossível pois se B chegasse a se tornar N nenhum dos dois perceberia , pois nada restaria de B no momento em que ele incorporasse N .
Mas há uma solução : se considerarmos que :
“… uma pessoa não é outra coisa do que os momentos sucessivos que passam , que a série incoerente e descontínua dos seus estados de consciência . B (…) não é B . É , imaginemos : olhar distraído um farol + apressar o passo + reconhecer-se em um espelho de uma confeitaria + (…) + buscar a lua no céu + etc… A primeira consequência desta teoria é que B não existe . A segunda ( e melhor ) é que não existindo N tampouco , muito instantes da quase infinita série de B podem ser iguais aos de N . Vale dizer ; B em determinados momentos é N . Dois homens mortos de sede que provam o primeiro contato com a água – um nos arrabaldes de Ondurmán, em 1885; outro em Pampa de San Luis em 1860 – são literalmente o mesmo homem. Todas as pessoas absortas na venturosa audição de uma só música, são a mesma pessoa. Todos os amantes que se abraçaram com plenitude na amplidão do mundo, que se abraçam e se abraçarão são o mesmo casal: são Adão e Eva.
Ninguém é substancialmente alguém, mas qualquer um pode ser qualquer outro, em qualquer momento.”

( Texto de Jorge Luis Borges publicado no Diário El litoral de Santa fé em 1933 – tradução : José Geraldo de Barros Martins )

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Citação do dia :

ANTIMÉTODO 2

Pouco a pouco
Embaralho tudo e nada
Sou meu próprio
Espantalho
Fujo
De mim mesmo
Finjo-me
Da minha própria
Esfinge
Perdido em meu próprio
Labirinto
Sou o que sou
Ou minto? Será isso
Uma regra secreta?

( Sebastião Uchoa Leite )

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Citação do dia :

NOTURNO

(…)

Ven a escuchar, amor mio,
El silêncio melodioso
Que profundiza el reposo
Palpitado de rocío.

Lenta, lenta, pasa la hora,
Adomeciendo callada
Tu cabeza reclinada
Sobre el pecho que te adora.

Y la dulce soledad
Suspende nuestro destino,
En un éxtasis divino
De luna y eternidad.

( Leopoldo Lugones )

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Citação do dia :

SAMPASSOM

Anhanguera
Anhanguera
Anhangabaú
Anhangabaú

(…)

Mandaqui
Mandaqui
Pro Capão Redondo
Pro Capão Redondo

(…)

No Ibirapuera
No Ibirapuera
Tem Tatuapé
Tem Tatuapé

(…)

Água Espraiada
Água Espraiada
Ainda Itapura
Ainda Itapura

Sapopemba
Sapopemba
Mandinga de Moema
Mandinga de Moema

Pirajussara
Pirajussara
Toma Guarapiranga
Toma Guarapiranga

( Geraldo Maia )

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PINDORAMA , AQUI ME TENS DE REGRESSO….

Regressei a nação emboaba , agora a penúltima em distribuição de renda … Deixando de lado os assuntos futebolísticos a parte ( a cusparada de Tévez na água de Parreira , foi de incrível mau gosto , porém não esqueçamos que trata-se de um jogador corintiano ) ; os portenhos e cidadãos de colônia tem semblantes menos tensos que os paulistanos … vêem–se menos pessoas sozinhas … os pais saem mais às ruas com as crianças ( as onze da noite na Av. Corrientes podemos observar famílias passeando ), não se avista indiscriminadamente o uso de celulares e de laps-top … eles são menos deslumbrados com a tecnologia ( que afinal não agrega nada ) … preferem ler … no metrô pude observar um cidadão lendo Balzac , no outro dia uma adolescente ao meu lado lia Freud … e apesar de alguns lapsos ( como o desconhecimento quase completo de Machado de Assis ) são bem mais civilizados , e mesmo em lugares horrorosos da capital portenha como a Praça dos Misereres ( no bairro do Once ) não há criancinhas cheirando cola de sapateiro .
Porém nem todas as coisas em Pindorama são mazelas … Acaba de sair a segunda versão de “Ulisses” de James Joyce em português , a cargo de Bernardina da Silveira Pinheiro . A comparação com a tradução de Houaiss deve sempre levar em conto o pioneirismo deste , como o fato que o filólogo teve bem menos tempo para traduzir … porém li pequenos trechos e percebi já um enorme mérito desta nova traduçào : ela colocou notas explicando o amontoado de citações e frases em grego , latim , alemão , etc … afinal uma pessoa que sabe que “Thalatta! Thalatta!” em grego quer dizer “O Mar! O Mar!” ou que “Visszontlátásra… Visszontlátásra!” em húngaro significa “Até a vista, meu querido amigo! Até a vista!” , não precisa ler a tradução e pode apreciar perfeitamente o original .
E por falar em Joyce , hoje é Bloomsday … pode parecer que , como todas a celebrações oficiais , esta seja um tanto quanto burocrática … porém se levarmos em conta que não estamos celebrando uma data da história real ( 7 de Setembro de 1822 , por exemplo ) , mas sim uma data em que se passa uma ficção , perceberemos o caráter revolucionário da comemoração …
Amanhã posto algumas fotos da viagem …

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Citação do dia :

“Ver a caligrafia de meu pai hoje cedo na contracapa de memórias de adriano, onde solenemente dizem que um médico nos vê como um amontoado de tinta sangue e linfa, mais ou menos isso, bom já era frio e ficou tudo gelado neste dia 25 de qualquer coisa. Mesmo sendo em números, sua letra, uma conta que chegaria a 6.700, depois de 15 anos dele morto. E olhar o céu escuro com densas nuvens em movimento. Era décimo terceiro andar. E depois de algum tempo recuperei eu mesma, no auge do intransigente ; procura, resgatei a custa de vento e estômago vazio, a minha letra, califônica às vezes de tanto jurar perdida, não sei de onde, não sei em que parte do espelho, onde eu já não me olhava mais.
Jurava com a categórica certeza dos cansados. Não tenho nada a dizer. Mas o céu de hoje em definitivo, não permite certezas. Alguns helicópteros parados esperam que o tempo melhore. Pra mim, está ótimo.”

( Suzana Cano )

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Hoje fiquei pensando na depressão dominical que acomete muitas pessoas por terem , no dia seguinte, mais uma vez iniciar uma semana de trabalho … talvez , por estar em férias , possa observar o fenômeno de uma maneira neutra . … Por fim , cheguei a conclusão de que , o que não deprime estas pobres almas não é só a árdua labuta, mas principalmente o fato de que todo o domingo fica a sensação que no dia seguinte teremos que vestir o “eu socialmente aceito” , para sobreviver na mediocridade do ambiente profissional … para amenizar este sofrimento aqui vai uma poesia de um precursor do pré-modernismo :

“CANÇÃO DE TODOS

Duas almas deves ter…
É um conselho dos mais sábios:
Uma, no fundo do Ser,
Outra, boiando nos lábios!

Uma, para os circunstantes,
Sôlta nas palavras nuas
Que inutilmente proferes,
Entre sorrisos e acenos:
(…)
Alma que se enche e transborda
Que não tem porquê nem quando,
Que não pensa e não recorda,
Não ama, não crê e não sente,
Mas vai vivendo e passando,
No turbilhão da corrente,
Través intrincadas teias,
Sem prazeres e sem mágoas,
Fugitiva como as águas,
Ingrata como as areias.

(…)
A outra alma, pérola rara
Dentro da concha tranqüila,
Profunda, eterna e tão cara
Que poucos podem possuí-la,
(…)

Alma profunda e sombria,
Que ao fechar-se em cada dia,
Sob o silêncio fecundo
Das horas graves e calmas,
Te ensina filosofia
Que descobriu pelo mundo,
Que aprendeu nas outras almas.

Duas almas tão diversas
Como o poente das auroras:
Uma, que passa nas horas;
Outra, que fica no tempo.”

( Raul de Leôni )

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DO AMOR EM REBELDIA

A carne está florindo sôbre os leitos.
Há sono, amor e morte se encontrando
Num longo abraço, e tudo mais é brando,
E tudo mais repousa nesses feitos.

De guerra e paz horizontal, de peitos
Túmidos de porvir e luz arfando
A treva. O mais é tempo se iniciando
Em destino de sóis insatisfeitos.

A carne está florindo, ressuscitam
Os do silêncio; solta-se o viver
Daquilo que será, dos que nos fitam.

E o verbo acontecido, o verbo imagem,
Fecunda na paixão de acontecer,
Amor em rebeldia de linguagem.

( Paulo Bomfim )

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