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{ Monthly Archives } junho 2021

DA BESSARÁBIA AO LITORAL NORTE CATARINENSE – Aquarela

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PALÍNDROMO CROMÁTICO – Aquarela

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OS LOTÓFAGOS AFAGADOS PELOS SUBVALORES DO GENOCÍDIO EMBOABA – Aquarela

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A ILHA ESMERALDA – Aquarela

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CONCRETISMO COM CROMATISMO DA PINTURA ITALIANA PRÉ-RENASCIMENTO -Aquarela

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DORMINDO AO BARULHO DAS ONDAS – Aquarela

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AS ONDAS SÃO AS CRINAS DOS CAVALOS DE MANANAAN MACLIR – Aquarela

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RICARDO II – William Shakespeare – Tradução: Barbara Heliodora – Editora Nova Fronteira

Outro dia, lendo “A Sombra do Vulcão” de Malcolm Lowry, deparei-me com uma citação de Shakespeare sobre um “cormorão (*) insaciável”. Fui pesquisar e descobri que a frase do bardo inglês estava na peça Ricardo II:

“A vaidade, cormorão insaciável, devorando seus meios, devora a si próprio.”

Após um tempo, finalmente li “Ricardo II”, peça histórica baseada no personagem homônimo, também conhecido como Ricardo de Bordeaux, que governou a Inglaterra entre 1377 e 1399. É a única peça de Shakespeare que trata sobre a deposição de um rei… No caso, Ricardo II, acusado de ter tramado o assassinato de seu tio para ususpar o trono, se vê obrigado a exilar seu primo Henrique de Bolingbroke, duque de Hereford, que havia se envolvido em um duelo com outro nobre, Mowbray, Duque de Norfolk.

Após a morte do Duque de Lancaster, Conde de Gaunt (pai de Bolingbroke e proclamador da frase retromencionada), Ricardo II usurpa os bens de seu primo e vai para a Irlanda combater os rebeldes. É interessante que como ele não tinha dinheiro para sustentar esta guerra, ele toma emprestado de outros poderosos e concede aos mesmos os direitos de cobrar impostos da população (ou seja, no século XIV já existiam as privatizações).

Henrique volta do exílio com um exército e os nobres descontentes com o governo de Ricardo II, decidem se unir a ele… quando o rei retorna da Irlanda, verifica que não possui mais apoio e abdica em favor de seu primo, que passa a se chamar Henrique IV.

Quando na prisão, entre momentos de loucura e arrependimento, Ricardo II profere vários discursos que são o ponto alto da obra:

“Gastei meu tempo, e hoje o tempo me gasta; O tempo fez de mim o seu relógio: Idéias são minutos, que suspiram Marcando em meu olhar, o mostrador, A hora que o meu dedo, que é ponteiro, Fica indicando, ao me limpar as lágrimas.”

Talvez o ponto mais interessante desta peça (e talvez de todas as obras históricas de Shakesperare) seja o distanciamento entre a figura histórica de Ricardo II (que jamais teria a capacidade de elaborar um discurso tão requintado) e o personagem shakesperiano Ricardo II… ou seja, uma obra de arte é uma uma obra de arte e não uma biografia: a grandeza de um autor, seja escritor, dramaturgo, cineasta ou ator é enriquecer e dar complexidade ao personagem histórico… não fazer igualzinho, tim-tim por tim-tim.

Seja como for,como diria Harold Bloom, é lendo Shakespeare é que nos tornamos civilizados.

(*) cormorão: corvo-marinho, no Brasil também é conhecido como biguá

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A TEMPESTADE – William Shakespeare – Tradução: Barbara Heliodora – Editora Nova Fronteira Confesso que sou um daqueles leitores que cabularam a aula… já li toda (ou praticamente toda) a obra de Machado de Assis, James Joyce, Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire, Jorge Luis Borges, Antonio Di Benedetto, Roberto Bolaño, Malcolm Lowry, Almada Negreiros, porém, de Shakespeare só tinha lido Hamlet e Macbeth… uma vergonha… Outro dia li a seguinte frase da Oscar Wilde: “A aversão do século XIX ao Realismo é a cólera de Caliban ao ver seu próprio rosto no espelho. A aversão do século XIX ao Romantismo é a cólera de Caliban ao não ver seu próprio rosto no espelho.” Ao verificar que Caliban é um dos personagens da última peça de Shakespeare, resolvi ler “A Tempestade”. Além de ser uma obra diferenciada do bardo inglês (os personagens estão todo o tempo encantados com os poderes que o personagem principal – Próspero – obtém dos seus livros de magia… e o mais surpreendente em uma obra shakesperiana: ninguém morre) é também a mais polêmica: alguns dizem que seria uma crítica ao colonialismo na qual Próspero faz o papel do colonizador, Ariel o papel dos intelectuais (ou da elite colonizada) e Caliban das massas oprimidas; outros dizem que seria uma alegoria do processo artístico com Próspero representando a condição do artista, Ariel representando a relação do artista com seu próprio talento, Caliban representando o papel auto-destrutivo do artista e Miranda (a filha de Próspero) seria o espectador… Vitor Hugo disse que “A Tempestade” era um complemento do Gênese bíblico… por fim, das várias interpretações, a que mais prefiro é aquela que diz que ninguém morre nesta peça porque todos os personagens já estão mortos, sendo aquela ilha do mediterrâneo, uma das estâncias do além… Na verdade o que importa é você ler e tirar suas próprias conclusões, talvez descobrir uma nova interpretação, ou talvez mandar toda esta teoria literária para aquele lugar e descobrir que um bom texto, é simplesmente um bom texto e que propiciará ao leitor uma abertura de consciência, seja lá o que signifique… ou seja, que se lasque o significado, o importante é o significante!

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URUBUZALÊ

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