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{ Monthly Archives } novembro 2009

HARMONIAS MOURISCAS

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PROBLEMA VIRA PICOLÉ

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JEREZ ENSOLARADO

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AS CORES AROMÁTICAS DO AZEITE INEBRIANTE

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PÁPRICA EFERVESCENTE

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A INFINITUDE UNIVERSAL SOB O SIGNO ESCARLATE

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PÁSSAROS DE OUTRAS DIMENSÕES

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AMBIENTE TROPICAL RETICULAR

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ZONA TÓRRIDA

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And nobody seems to like him
They can tell what he wants to do
And he never shows his feelings

( The Foll on The Hill- Lennon/Mc Cartney )

Acabo de ler “O Louco do Cati” de Dyonélio Machado, um dos dez melhores livros escritos em Pindorama, na opinião de ninguém mais ninguém menos que Guimarães Rosa… O livro é um road-book (não existe road-movie, então tem que existir road-book), ou seja, descreve a viagem de um personagem que não sabemos o nome (mas que é conhecido por louco do Cati) por Porto Alegre, Palmares, Tramandaí, Capão da Canoa, Torres, Florianópolis, Rio de Janeiro, Santos, São Paulo, Florinópolis, Lages, Caxias, Santa Maria, Cacequi, Rosário, Livramento até chegar no Cati, perto da fronteira da República Oriental do Uruguai… ele viaja de bonde, caminhão, carreta, ônibus, a pé, de navio, de trem, de automóvel e de avião… mostrando um Brasil servil porém cortês, triste porém belo, opressivo porém solidário…
O livro, a grosso modo, parece uma descrição de um Bartleby (personagem de Herman Melville) ao estilo de Serafim Ponte Grande (Oswald de Andrade)… fiquem com um pedaço:

“Nem errava a estrada. Mesmo na escuridão da noite calcara-a, certo sem a ver. Quem anda assim, possesso, não erra a estrada, Caminha entre seres sutis, que espionam, que protegem, que velam… Velam por essa sua… sinistra segurança. – Olhos com chispas de fogo haviam-lhe iluminado o caminho – E ele – era um fato- não se perdia…
Já vinha sem chapéu. A água desabava-lhe pelos ombros, cascateando na barra esfiapada de sua capa de segunda mão (duma outra mão, em São Paulo…). As calças (que Lopo, no Rio, lhe arranjara, calças claras, escurecidas depois) batiam-lhes nas canelas magras com um blap ritmado de pano molhado e cheio de barro… Os sapatos do dr. Valério (que ele uma vez lanhara de umidade alegre na geada do pátio de Geraldo), os sapatos faziam também um rumor: – mas era uma voz chiada (de água que tinha dentro), voz que lhe falava – chuap, chuap – a cada passo socado de seu trancão.”

Observações:
1) Fiquei sabendo que a livraria de meu avô, lançou um livro de Dyonélio em 1946 chamado “Passos Perdidos”… vamos ver se eu encontro…
2) Gostaria de rever o documentário “Dr. Dyonelio” que Ivan Cardoso fez sobre este escritor… na época em que vi, não tinha lido “Os Ratos” nem “O Louco do Cati”
3) E por falar em loucos, baixei uma versão de “Foll On The Hill” gravada pelo grupo “Quarteto” em 1969, que o genial Lanny Gordin dá um show… há outras curiosidades, entre elas a canção “Cantiga” de Caetano Zamma e do saudoso Carlos Queiros Telles…
Baixe aqui.

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