A EDUCAÇÃO PELA PEDRA – João Cabral de Melo Neto – Editora Alfaguara.
Na verdade esta edição é uma reunião de quatro livros deste grande
poeta: Quaderna, Dois Parlamentos, Serial e A Educação Pela Pedra. Para
mim um dos melhores poemas feitos em Pindorama é “Rio Sem Discurso”, mas
temos outras pérolas: “Mulher Vestida de Gaiola”, “ Imitação da Água”, “
O Sim Contra o Sim”, “Tecendo a Manhã”, etc… confiram !!!
Pindorama
perdeu nesta semana um dos seus cineastas mais geniais: José Mojica
Marins, que como Chaplin, criou um personagem que se confunde com o seu
criador…
Para mim, um dos momentos mais criativos do cinema
mundial, é a abertura do filme “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” quando
em uma fusão entre a imagem de uma tempestade e a imagem do Zé do
Caixão, uma voz proclama:
“ Quem sou eu, não interessa, como não interessa quem é você, ou melhor, não interessa quem somos. Na realidade,
o que importa é saber o que somos. Não se dê ao trabalho de pensar
porque a conclusão seria: a loucura. O final de tudo, para o início de
nada. A coragem inicia onde o medo termina. O medo inicia onde a
coragem termina. Mas será que existem a coragem e o medo? Coragem para
quê? Medo do quê? De tudo? O que é tudo? De nada? O que é nada? A
existência, o que é a existência? A morte? O que é a morte? Não seria a
morte o início da vida? Ou seria a vida o início da morte? Você
não viu nada e quer ver tudo. Você viu tudo, mas não viu nada. Teme o
que desconhece e enfrenta o que conhece. Por que teme o que desconhece e
enfrenta o que conhece? Sua mente confusa não sabe o que procura.
Porque o que procura confunde sua mente. E nasce o terror. O terror da
morte. O terror da dor. O terror do fantasma. O terror do outro mundo:
Agora vê no terror que nada é terror, não existe o terror. No entanto o
terror o aprisiona. O que é o terror? Ah! Não aceita o terror porque o
terror é você.”
Enfim acabei de reler À Sombra do Vulcão de Malcolm Lowry – Editora Siciliano – Tradução Leonardo Fróes. Demorou alguns anos, mas valeu a pena… para tal contei com o auxílio de um sitio da Universidade de Otago (Nova Zelândia): The Malcolm Lowry Project, que me forneceu várias explicações sobre o amontoado de citações… e para entender a relação com as obras citadas, tive que ler (ou reler) algumas delas: A Bíblia, Moby Dick (Herman Melville), Jaqueta Branca (Herman Melville), Benito Cereno (Herman Melville) Lord Jim (Joseph Conrad), O Coração das Trevas (Joseph Conrad), Fausto (Christopher Marlowe), Fausto (Goethe), Os Sofrimentos do Jovem Werther (Goethe), Alastor: Ou, O Espírito da Solidão (Percy Shelley), Kubla Khan (Samuel Coleridge), Retrato de uma Senhora (T.S. Eliot), Terra Devastada (T.S. Eliot), O Homem Oco (T.S. Eliot), A Divina Comédia (Dante Alighieri), William Shakespeare (Hamlet, Macbeth).
Li
também frases ou trechos de Frei Luis Ponce de León, Calderón de La
Barca, Virgílio, François Villon, Wordsworth, Jean Cocteau, W. B. Yeats,
Rupert Brooke, Ralph Bates, Thomas Browne, William Shakespeare
(Ricardo II, Titus Andronicus e O Mercador de Veneza) … uma das
coisas que mais me marcou foi um poema de Goethe ainda não traduzido
para o português: Die Wandelnde Glocke (O Sino Caminhante)… e por
falar em sino, em “À Sombra do Vulcão” até o badalar de um sino é uma
citação:
“De repente, um sino clamou de fora, para se calar bruscamente: dolente… dolore!”(*) (Malcolm Lowry – Tradução Leonardo Fróes)
(*) As palavras dolente e dolore estão na inscrição acima da porta do
inferno no canto III da Divina Comédia de Dante Alighieri.
Per me
si va ne la città dolente / per me si va ne l’etterno dolore (através
de mim você entra na cidade lamentável / através de mim você entra no
sofrimento eterno)
Agora me resta copilar tudo o que li e escrever um prefácio explicativo
A INVENÇÃO DO DIA CLARO: Neste ano resolvi voltar a pintar quadros com tinta fluorescente, para tal fiz alguns estudos em computador
A INVENÇÃO DO DIA CLARO: Teste com luz fluorescente: não deu muito certo, as partes pintadas em cor vinho não reagiram à luz fluorescente… vou alterar… aguardem