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{ Monthly Archives } junho 2013

municipal

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA PAISAGEM URBANA

Josias Germano olhou pela janela e observou a paisagem com atenção: o Teatro Municipal, o Viaduto do Chá, a chegada da Rua Xavier de Toledo com a Praça Ramos de Azevedo…

Uma das vantagens de seu novo cargo era poder observar esta paisagem nas janelas de sua sala de trabalho… cada olhar evocava uma ou mais lembranças… Pra começar o Teatro Municipal, que tanto o fez recordar o início dos anos oitenta, em que era usado como palco de shows de música popular…

Recordou-se também quando teve que desenhar o prédio como trabalho para a Faculdade de Arquitetura que cursara… a construção, projeto que os arquitetos italianos Domiziano Rossi e Cláudio Rossi (*) desenvolveram para o escritório de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, era difícil de desenhar devido a enormidade de detalhes, porém a harmonia de seu conjunto de certa forma facilitava a tarefa…

Lembrou-se da R. Xavier de Toledo onde sua tia-avó Quepitas o levara na Leiteria Americana junto com as irmãs e as primas para comer sundays & banana-splits em meados da década de setenta… lembrou-se também do início da década de noventa quando em conjunto com um outro Xavier, cujo nome era Miraldo, elaborou um projeto de reconfiguração viária para esta rua… projeto que foi abortado devido a interesses do prefeito sucessor atendendo interesses de uma associação de bairro que pretendia facilitar o acesso de automóveis a esta região da cidade…

Lembrou-se que, graças a um renomado escritor denominado Volney Valter J’ Tobag, conseguiu autorização para expor suas pinturas naquela galeria subterrânea que realiza a travessia sob a Rua Xavier de Toledo (**)… elas ficaram expostas ao lado das obras de Sávio Cacciaccinni, Sancho Ruiz Maldini, Alfeu Doaragna e Juliana Dilgorzi, das poesias de Miraldo Xavier, bem como exibir os vídeos “A Selva de Azeviche e o Coringa da Oitava Dimensão” e “Parangolixo” que ele fez em parceria com Hildon Cláudio Risério e Fúlvio Dicaravaggio… a inauguração foi um sucesso, tanto que até o famoso artista Maurício Nogueira Lima compareceu… depois todos foram comemorar na Leiteria Americana…

O nosso protagonista comparou suas lembranças, a do sorvete com a tia-avó e a das cervejas com os amigos artistas…”Duas épocas… agora a Leiteria Americana não existe mais!!!

Depois lembrou-se que na noite anterior havia lidos sobre a Teoria do Não-Lugar, elaborada pelo etnólogo Marc Augé, que definia duas categorias de espaço: o Lugar e o Não-Lugar… a grosso modo, Lugar é um espaço personalizado, familiar com história & estórias… já um Não-Lugar é um espaço despersonalizado, impessoal, sem vínculo com a cultura e a história do ambiente lindeiro, como o caso dos shopping-centers, aeroportos, hospitais, etc… Como o caso de uma região de São Paulo que tanto o incomodava: a Vila Olímpia, aquela região da “Nova Faria Lima”… aquela paisagem poderia ser a de Dubai, Xangai ou Houston, e tal fato o contrariava profundamente…

Josias Germano olhou pela janela e observou a paisagem com atenção: o Teatro Municipal, o Viaduto do Chá, a chegada da Rua Xavier de Toledo com a Praça Ramos de Azevedo.. e teve a certeza que estava observando um Lugar…

(*) Que apesar do sobre-nome comum não eram parentes, como também não eram parentes de um cantor chamado Reginaldo com o mesmo sobre-nome…
(**) Esta galeria encontra-se fechada atualmente.

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tuda54

Já saiu a nova TUDA leiam!!!

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paprika

LAS OLAS SON MI VERKLÄRTE NACHT

Não costumo explicar meus títulos, mas este merece uma explicação: é uma homenagem a um livro que estou lendo, no caso “La borra del café” de Mário Benedetti (que ainda não foi traduzido para o português). Aqui vai o trecho que me inspirou

“As vezes fico longos momentos junto ao vendaval. É uma maravilha escutar as ondas. Parecem todas iguais entretanto cada uma traz um som distinto e seguramente também uma mensagem distinta. Pensar que falo três línguas e todavia não entendo as ondas! Quanto nos falta para alfabetizar-mos! Me conformo dizendo que apesar de tudo isto não é tão importante. O som do mar é uma música, e quem pode entender o idioma musical de Brahms, de Bach e de Schoenberg? Eles não compuseram para que nós os entendessemos, mas para que nos os desfrutássemos. As ondas são meu Verklärte Nacht(*)”

( Mario Benedetti – tradução: José Geraldo de Barros Martins )

(*) Verklärte Nacht ( A Noite Transfigurada ) é uma peça de Arnold Schoenberg.

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lapiseira

GALERIAS PLUVIAIS PARA O TRANSPORTE DO INCONSCIENTE COLETIVO

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calmaria

A VALSA DA SALVAÇÃO DA LAVOURA VERÍDICA

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maracana

A TROPICALIDADE LINGUÍSTICA E A ESPIRITUALIDADE SEMÂNTICA

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beber

A PLASTIFICAÇÃO GERAL A CONTRARIAR O DITADO QUE DIZ: “CAVALO NÃO DESCE ESCADA”

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