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{ Monthly Archives } agosto 2004

BOULEVARD PAULISTANO

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Vocês viram este padre irlandês babaca que atrapalhou o atleta brasileiro na Maratona em Atenas … O sujeito , achando que faria um gesto político , quis aparecer na mídia protestando contra Israel , mas acabou prejudicando um cidadão do terceiro mundo … James Joyce saiu da Irlanda no ano de 1904 , em uma espécie de auto-exílio e nunca mais voltou a morar lá … não suportava a igreja e o nacionalismo , não suportava estes padres estúpidos !!!

P.S. : Só hoje ( segunda-feira ) assisti as imagens na televisão … Não havia um único policial-batedor de motocicleta acompanhando o atleta primeiro colocado … Em algumas provas similares do terceiro mundo , como a São Silvestre e a marotona da Cidade de São Paulo , estes policiais-batedores estão sempre ao lado dos atletas …

A Grécia não é tão civilizada como muitos pensam … não é a toa que obrigaram Sócrates a beber cicuta !!!

Citação do dia :

“Os meios de comunicação inflacionam a linguagem porque não ousam ser honestos e chamar ao pão pão e ao queijo queijo; os romances históricos populares falseiam o passado e simplificam os motivos que levam às mudanças históricas. Os homes se deixam influenciar por longas e sonoras palavras vazias, terçóis que incham as pálpebras e impedem a visão da verdade.”

( Anthony Burgess – tradução : José Antônio Arantes )

O ASTRO-REI DA MENTE UNIVERSAL ILUMINANDO UMA MEIA DÚZIA DE GATOS PINGADOS DO TERCEIRO MUNDO

Fui assistir “O Abismu” de Rogério Sganzerla ( Na mostra do Cine SESC )…já havia assistido o filme no cinema há uns vite anos e no vídeo há uns dez anos … há muita coisa que eu havia esquecido , por exemplo , achava que a trilha sonora era só Jimi Hendrix , mas não é que tem Perez Prado tocando “Sabor a Mi” ??? ( em uma cena que Norma Benguell dirige um Lincon antigo em um cenário egípcio ) … só assistindo …

Vejam que o diretor tem a dize sobre o filme :

“Filmando O Abismu vi o quanto é bem servido o atual momento em matéria de ignorância e boçalidade – se a ignorância grassa e a estupidez campeia, concluí necessária tamanha boçalidade. Única forma de queda boçal – personagem de nossos tempos – por ele próprio convocada. Aliás, conto com sua clássica estupidez de classe, prenúncio de irremediável … queda . Ser ou não ser ímpio piedoso – impiedoso…

No plano do passado, O Abismu mostra que o Brasil é o continente milionário com duas constantes : da natureza vulcânica da nossa costa atlântica e da identidade de comunicação e escrita entre o oriente e o ocidente. No plano do presente, que a boçalidade é dado político. Um homem boçal é um homem normal. (…) Quanto ao toque do futuro , esse filme coloca, sob a invocação do Jimi Hendrix , o novo homem, que é o homem em estado lúdico, em contato com a natureza, voltado para a sua própria mente.”

( Rogério Sganzerla )

Recebi a notícia da minha desclassificação do Prêmio SESI-Marcantônio Vilaça … não fiquei nem entre os trinta primeiros …mas não faz mal , tenho a minha família , a minha namorada e os meus amigos e amigas… e por falar em amigos , recebi hoje uma ligação do pintor Ricardo Sanzi que disse que irá expor na Biblioteca Alceu Amoroso Lima em 21 de Setembro … quando estiver próximo eu publico o convite …

DETRÁS DEL HORIZONTE

Outro dia no melhor sebo da paulicéia o “Brandão” ( cheio de salas com portas pantográficas, parece cenário de Cinema Marginal ) na R. Xavier de Toledo , comprei um livro que estava procurando : “Homem Comum Enfim” ( Here Comes Everybody ) de Antonhy Burgess … Burgess é famoso por ter escrito “A Laranja Mecânica” , ( que ele não considerava como seu melhor romance ) , mas fez várias coisas ( compôs três sinfonias , por exemplo ) , e entre tantas coisas , escreveu este livro sobre James Joyce que comprei , pois estou lendo Finnegans Wake em edição bilíngüe … Por sinal vi vários comentários no Orkut contrários a tradução de Donaldo Schüler …

Na minha visão , os fragmentos traduzidos pelos irmãos Campos ( em “Panaroma do Finnegans Wake” ) são em geral mais felizes do que os similares de Donaldo Schüler , porém há alguns trechos que Schüler traduz melhor , por exemplo no segundo parágrafo da 1ª página : “fr’over the short sea, had passencore rearrived from North Armorica” fica melhor taduzido por Schüler como “d’além do mar encapelado, não tinha passancorado reveniente de Norte Armórica” do que pelo Augusto de Campos , que põe “através o mar breve, não tinha ainda revoltado de Norte Armórica” , pois :

1) “short sea” quer dizer “mar crespo” e não “mar breve”

2) A tradução de Schüler mantém o jogo com a expressão francesa “pas encore” presente no texto original…

Parafraseando o poeta Arnaldo Xavier que dizia que em um país de iletrados e de analfabetos era um absurdo falar mal dos irmãos Campos, digo que em uma nação de emboabas não devemos falar mal dos pouquíssimos que ousaram traduzir Joyce … Por exemplo , gostei desta tradução da Bernardina Pinheiro do “Ulisses” … ainda não li ( nem sei se já saiu ) , mas é boa !!!

Os leitores deste blog que forem assistir “Igual a Tudo na Vida” ( Anything Else ) , que estreou ontem em São Paulo , irão perceber que no final , o personagem interpretado por Woody Allen diz o mesmo ditado popular publicado neste blog , no terceiro dia do presente mês : – Até um relógio quebrado …

Citação do dia :

“Las notas sociales son la historia de la nada.” (*)

(*) A crônica social é a história do nada.

( Sofocleto )