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{ Tag Archives } Citações

COGITO

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

( Torquato Neto )

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Dois poemas de Malcolm Lowry traduzidos para o espanhol:

HAPPINESS (*)

Blue mountains with snow and blue cold rough water,
A wild sky full of stars at rising
And Venus and the gibbous moon at sunrise,
Gulls following a motorboat against the wind,
Trees with branches rooted in air —
Sitting in the sun at noon with the furiously
Smoking shadow of the shack chimney —
Eagles drive downwind in one,
Terns blow backward,
A new kind of tobacco at eleven,
And my love returning on the four o’clock bus–
My God, why have you given this to us?

(*) FELICIDAD

Montañas azules con nieve y fría agua azul turbulenta,
Un cielo borrascoso lleno de estrellas encendiéndose
Y Venus y la luna gibosa al amanecer,
Gaviotas siguiendo una motora cara al viento,
Árboles con ramas prendidas al aire-
Sentado al sol del mediodía con la furiosa
Sombra humeante de la chimenea de la cabaña-
Águilas que planean viento abajo,
Golondrinas marinas vuelan a golpes de viento,
Una nueva marca de tabaco a las once,
Y mi amor que vuelve en el autobús de las cuatro
-Dios mío, ¿por qué nos has dado todo esto?

( Malcolm Lowry – tradução: Mariano Antolín Rato )

WITHOUT THE NIGHTED WYVERN (*)

Notions of freedom are tied up with drink.
Our ideal life contains a tavern
Where man may sit and talk or just think,
All without fear of the knighted wyvern;
Or yet another tavern where it appears
There are no No Trust signs no No Credit
And, apart from the unlimited beers,
We sit unshackled drunk and madto edit
Tracts of a really better land where man
May drink a finer, ah, ah undistilled wine
That subtly intoxicates withour pain,
Weaving the vision of the unassimilable inn
Where we may drink forever without owing
With the door open, and the wind blowing.

(*) SIN EL DRAGÓN NOCTURNO

Ideas de libertad están atadas a la bebida.
Nuestro ideal de vida contiene una taberna
Donde un hombre puede sentarse y hablar o sólo pensar,
Sin ningún miedo al dragón nocturno;
O bien otra taberna donde no aparecen
Letreros de No se Fía ni de No hay crédito
Y, dejando aparte las ilimitadas cervezas,
Nos sentamos tranquilamente borrachos y locos a editar
Panfletos de un país realmente mejor donde un hombre
Puede beber un vino más delicado, ¡Ah!, no destilado
Que intoxica sutilmente sin dolor,
Tejiendo la visión de una taberna inasimilable
Donde siempre podemos beber sin pagar
Con la puerta abierta, y el viento soplando.

( Malcolm Lowry – tradução: Mariano Antolín Rato )

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Citação do dia:

O que é a arte pura segundo a concepção moderna? É criar a magia sugestiva que contenha ao mesmo tempo o objeto e o sujeito, o mundo exterior ao artista e o própio artista.

( Charles Baudelaire )

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TÁCTICA Y ESTRATÉGIA

Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos

mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible

mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos

mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón
ni abismos

mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple
mi estrategia es
que un día cualquiera
mo sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.

( Mário Benedetti )

Domingo passado faleceu este grande escritor da República Oriental do Uruguay. Uma coisa que poucos sabem é que ele fez uma ponta em um filme de Eliseo Subiela chamado “El Lado Obscuro del Corazón”(*)… a cena é clássica: Oliverio (Dario Grandinetti), um jovem poeta entra em prostíbulo em Montevidéu, pede uma cerveja e vai dançar um bolero com Anna (Sandra Ballestreros), uma prostituta. Depois os dois voltam ao balcão e Olivério começa a declamar o poema retromencionado … no final do poema Anna toma a palavra e declama a úlima estrofe e diz:
– Tática e Estratégia, Mário Benedetti. Vais me levar a alguma parte?
– Você gosta de Mário Benedetti? – Oliverio pergunta surpreso.
– Não vim aqui para falar de literatura, aqui é um cabaré, não um clube literário.
– Desculpe-me, vamos para sua casa?
E os dois saem de cena … logo depois aparece o própio Mario Benedetti, interpretando um oficial alemão da marinha mercante, e declama um poema na lingua tedesca para outra mulher da vida…
Esta é uma daquelas cenas que por si só, valem mais que dezenas destes filmes medíocres que abundam nas locadoras…

(*) Este título também é homenagem a um outro poema de Benedetti e foi traduzido por mim em 27/06/2003…veja aqui.

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Citação do dia:

Pouco me importa que minha obra seja lida agora ou na posteridade. Posso bem esperar um século por leitores, quando o próprio Deus esperou seis mil anos por um observador. Eu triunfo! Roubei o áureo segredo dos egípcios! Entregar-me-ei à minha embriaguez sagrada!

( Edgar Allan Poe )

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“Estou ficando louca?, pensei. Foram esses a loucura e o medo de Arthur Gordon Pym? Estou recuperando o juízo numa velocidade vertiginosa? As palavras estalavam dentro de minha cabeça, como se uma giganta estivesse gritando dentro de mim, mas do lado de fora o silêncio era total. A oeste, o sol se punha, e as sombras, lá embaixo, no vale, se encompridavam e o que antes era verde agora era verde-escuro, e o que antes era marrom agora era cinza-escuro ou negro.
Vi então uma sombra diferente, como a que as nuvens projetam quando se movem depressa por um grande prado, se bem que essa sombra não fosse projetada por nenhuma nuvem no extremo oriental do vale. Que era isso? Perguntei-me.
(…) E soube que a sombra que deslizava pelo grande prado era uma multidão de jovens, uma inacabável legião de jovens que se dirigia a algum lugar.
(…) Caminhavam para o abismo. Creio que soube disso desde o primeiro momento que os vi.
Sombra ou massa de crianças, caminhando indefectivelmente para o abismo.
Depois ouvi um múrmúrio que o ar frio do entardecer no vale levantava em direção às encostas e as escarpas, e fiquei estupefata.
Estavam cantando.”

(Roberto Bolaño)

Quem ler “O Amuleto” (livro do qual retirei o fragmento citado acima) perceberá que Bolanõs cita o (único) romance de Edgar Allan Poe, “Narrativa de Arthur Gordon Pym”, e nesta citação se desvenda uma das chaves do livro: Tanto a protagonista do livro do chileno-mexicanizado, Auxilio Lacouture, quanto o personagem do Bostoniano- baltimorizado, Arthur Gordon Pym, passam dias enclausurados (ela acuada no banheiro da Faculdade de Filosofia e Letras na Cidade Do México em 1968, diante da invasão de policiais no campus universitário) ele no porão do navio Grampus (ele foge dos pais clandestinamente, escondido no porão de um navio, porém este navio sofre um motim e o amigo que iria tirar ele de lá demora pra burro); ela comendo papel higiênico, ele couro de sapato, e no final de ambas obras, ambos protagonistas afrontam abismos terríveis nos finais de ambas obras!!!
(reparem também na metáfora entre a juventude mexicana e a cruzada das crianças
Li recentemente, além destes livos, uma pequena obra prima de Herman Melville: “Baterbly” … Genial: um copista que em um escritório de advocacia dizia diante das ordens do chefe: “prefiro não fazer” !!!

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CItação do dia:

“For eyes we have no models in the remotely antique. It might have been, too, that in these eves of my beloved lay the secret to which Lord Verulam alludes. They were, I must believe, far larger than the ordinary eyes of our own race. They were even fuller than the fullest of the gazelle eyes of the tribe of the valley of Nourjahad. Yet it was only at intervals –in moments of intense excitement –that this peculiarity became more than slightly noticeable in Ligeia. And at such moments was her beauty –in my heated fancy thus it appeared perhaps –the beauty of beings either above or apart from the earth –the beauty of the fabulous Houri of the Turk. The hue of the orbs was the most brilliant of black, and, far over them, hung jetty lashes of great length. The brows, slightly irregular in outline, had the same tint. The “strangeness,” however, which I found in the eyes, was of a nature distinct from the formation, or the color, or the brilliancy of the features, and must, after all, be referred to the expression. Ah, word of no meaning! behind whose vast latitude of mere sound we intrench our ignorance of so much of the spiritual. The expression of the eyes of Ligeia! How for long hours have I pondered upon it! How have I, through the whole of a midsummer night, struggled to fathom it! What was it –that something more profound than the well of Democritus –which lay far within the pupils of my beloved? What was it? I was possessed with a passion to discover. Those eyes! those large, those shining, those divine orbs! they became to me twin stars of Leda, and I to them devoutest of astrologers. (…)
And thus how frequently, in my intense scrutiny of Ligeia’s eyes, have I felt approaching the full knowledge of their expression –felt it approaching –yet not quite be mine –and so at length entirely depart! And (strange, oh strangest mystery of all!) I found, in the commonest objects of the universe, a circle of analogies to theat expression. I mean to say that, subsequently to the period when Ligeia’s beauty passed into my spirit, there dwelling as in a shrine, I derived, from many existences in the material world, a sentiment such as I felt always aroused within me by her large and luminous orbs. Yet not the more could I define that sentiment, or analyze, or even steadily view it. I recognized it, let me repeat, sometimes in the survey of a rapidly-growing vine –in the contemplation of a moth, a butterfly, a chrysalis, a stream of running water. I have felt it in the ocean; in the falling of a meteor. I have felt it in the glances of unusually aged people. And there are one or two stars in heaven –(one especially, a star of the sixth magnitude, double and changeable, to be found near the large star in Lyra) in a telescopic scrutiny of which I have been made aware of the feeling. I have been filled with it by certain sounds from stringed instruments, and not unfrequently by passages from books.” (*)

( do conto “Ligéia” de Edgar Allan Poe )

(*) “Para os olhos, não encontramos modelos na remota antiguidade. Podia ser, também, que naqueles olhos de minha bem-amada repousasse o segredo a que alude Lorde Verulam. Eram, devo crer, bem maiores que os olhos habituais de nossa raça. Eram mesmo mais rasgados que os mais belos olhos das gazelas da tribo de Nourjahad. No entanto, era somente a intervalos, em movimentos de intensa excitação, que essa peculiaridade se tornava mais vivamente perceptível em Ligéia. E, em tais momentos, era a sua beleza – pelo menos assim surgia diante de minha fantasia exaltada – a beleza de criaturas que se acham acima ou fora da terra, a beleza da fabulosa huri dos turcos. As pupilas eram do negro mais brilhante, veladas por longuíssimas pestanas de azeviche. As sobrancelhas, de desenho levemente irregular, eram da mesma cor. Toda a “estranheza” que eu descobria nos olhos era de natureza distinta da forma, da cor ou do brilho deles e devia ser, decididamente, atribuida à sua expressão. Ah, palavra sem significação, e simples som, por trás de cuja vasta latitude entrincheiramos nossa ignorância de tanta coisa espiritual. A expressão dos olhos de Ligéia. . . Quantas e quantas horas refleti sobre ela! Quanto tempo esforcei-me por sondá-la, durante uma noite inteira de verão! Que era então aquilo – aquela alguma coisa mais profunda que o poço de Demócrito – que jazia bem no fundo das pupilas de minha bem-amada? Que era aquilo? Obsessionava-me a paixão de descobri-lo. Aqueles olhos, aquelas largas, brilhantes, divinas pupilas tornaram-se para mim as estrelas gêmeas de Leda e eu para elas o mais fervente dos astrólogos.
E assim, quantas vezes, na minha intensa análise dos olhos de Ligéia, senti aproximar-se o conhecimento completo de sua expressão! Senti-o aproximar-se, e contudo não estava ainda senhor absoluto dele, e por fim desaparecia totalmente! E (estranho, oh, o estranho de todos os mistérios!) descobri nos objetos mais comuns do universo uma série de analogias para aquela expressão. Quero dizer que, depois da época em que a beleza de Ligéia passou para o meu espírito e nele se instalou como num relicário, eu deduzia de vários seres do mundo material, uma sensação idêntica a que me cercava e me penetrava sempre, quando seus grandes e luminosos olhos me fitavam.
Entretanto, nem por isso sou menos paz de definir essa sensação, de analisá-la, ou mesmo de ter dela uma percepcão integral. Reconheci-a, repito-o, algumas vezes no aspecto duma vinha rapidamente crescida, na contemplação de uma falena, duma borboleta, duma crisálida, duma corrente de água precipitosa. Senti-a no oceano, na queda dum meteoro. Senti-a nos olhares de pessoas extraordinariamente velhas. E há uma ou duas estrelas no céu (uma especialmente, uma estrela de sexta grandeza dupla e mutável, que se encontra perto da grande estrela da Lira) que, vistas pelo telescópio, me deram aquela sensação. Sentindo-me invadido por ela ao ouvir certos sons de instrumentos de corda e, não poucas vezes, ao ler certos trechos de livros.”

Obs.: Vejam como Poe foi precursor tanto de Borges quanto de Machado de Assis, entre outros… se alguém ler o trecho final deste fragmento do conto “Ligéia” e não souber que seu autor foi o gênio de Baltimore, vai achar que quem escreveu foi o brujo de Palermo, quanto ao Bruxo do Cosme-Velho, (que chegou até a traduzir “O Corvo”), será que os olhos de Ligéia não prenunciam os olhos de Capitu???

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Citação do dia:

“Poe concebia Deus como um poeta. O universo, portanto, era uma criação artística, um poema composto por Deus. Sendo o universo um poema, a reação apropriada a ele deveria ser estética e as criaturas de Deus se harmonizariam com Ele na medida em que sua imaginação se enlevasse pela beleza e harmonia da sua criação. E não adorar a beleza, não considerar divino o conhecimento poético seria dar as costas a Deus e cair na desgraça.
Segundo o mito do cosmos de Poe, o planeta Terra fez justamente isso. Caiu e se distanciou de Deus por exaltar a razão científica acima da intuição poética, e por fiar-se no fato material em vez do conhecimento visionário. Os habitantes da Terra então se corromperam pelo racionalismo e pelo materialismo; suas almas adoeceram; e Poe vê essa doença do espírito humano contaminando a natureza física. Os bosques e prados e águas da Terra perderam assim sua beleza original e deixaram de expressar a imaginação de Deus; a paisagem privou-se da perfeição primeira de sua composição, na mesma proporção em que os homens perderam sua capacidade de perceber o belo.
Sendo a Terra um planeta em desgraça, a vida sobre ela é necessariamente um tormento para o poeta… e sua alma é oprimida por tudo o que há ao seu redor.
… Seu único recurso é abandonar qualquer preocupação com as coisas terrenas e dedicar-se o mais exclusivamente possível a visões extraordinárias com a esperança de, em lampejos, encontrar a beleza paradisíaca que é o pensamento de Deus.”

( Richard Wilbur )

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Acabei de ler “Os Lusíadas”… e gostei sobretudo do final, quando após ter descoberto o caminho das Índias, Vasco da Gama é levado por Vênus para a Ilha dos Amores, onde seus marinheiros são contemplados pelas ninfas com vinhos, manjares e outros prazeres … Lá é dado ao ilustre navegador a oportunidade de contemplar o funcionamento do universo (segundo a astronomia da época, a ptolomaica). Adoro estes momentos em que os personagens após enfrentarem agruras, alcançam um vislumbre do universo !!!
Aqui vão três fragmentos que selecionei, o primeiro (estrofe 14 do Canto VI) quando Baco (que quer atrapalhar as conquistas lusitanas) vai até o reino de Netuno, convencê-lo para mandar tempestades para afundar a heróica esquadra … o segundo fragmento (estrofes 79 e 80 do Canto X) é quando Vasco da Gama vislumbra a “máquina do mundo” e o terceiro (estrofe 145 do Canto X) é um desagravo de Luís de Camões contra os seus patrícios (antevendo assim a derrocada do Império Português) … É curioso que Camões, antes de morrer, vendo Portugal passar para o domínio espanhol (devido ao desaparecimento de Dom Sebastião em Alcácer-Quibir) escreveu para um amigo estas palavras: “Enfim, acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha pátria, que não me contentei de morrer nela, mas com ela”.
Aqui vão os fragmentos:

Pouca tardança faz Lieu irado
Na vista destas cousas, mas entrando
Nos paços de Neptuno, que, avisado
Da vinda sua, o estava já aguardando,
Às portas o recebe, acompanhado
Das Ninfas, que se estão maravilhando
De ver que, cometendo tal caminho,
Entre no reino d’água o Rei do vinho

(Os Lusíadas – estrofe 14 do canto VI)

Uniforme, perfeito, em si sustido,
Qual, enfim, o Arquetipo que o criou.
Vendo o Gama este globo, comovido
De espanto e de desejo ali ficou.
Diz-lhe a Deusa: «O transunto, reduzido
Em pequeno volume, aqui te dou
Do Mundo aos olhos teus, pera que vejas
Por onde vás e irás e o que desejas.

«Vês aqui a grande máquina do Mundo,
Etérea e elemental, que fabricada
Assi foi do Saber, alto e profundo,
Que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
Globo e sua superfície tão limada,
É Deus; mas o que é Deus, ninguém o entende,
Que a tanto o engenho humano não se estende.

(Os Lusíadas – estrofes 79 e 80 do Canto X)

No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhüa austera, apagada e vil tristeza.

(Os Lusíadas – estrofe 145 do canto X)

Para finalizar fiquem com a homenagem que Jorge Luís Borges fez ao poeta lusitano:

“A Luís de Camões

Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e triste,
À nostálgica pátria regrediste
Para com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.”

( Jorge Luis Borges)

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“Nenhuma emoção é mais forte do que entrar no quarto da mulher que dorme.”

( Antônio Maria )

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