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Quando falei que iria ler “Finnegans Wake” no nordeste , quase fui apedrejado … diziam que não tinha nada a ver a leitura de tal obra com o ambiente tropical … Ledo engano … James Joyce , ficou famoso , entre outras coisas , pelo uso de palavras compostas …É claro que ele não foi o único : o alemão Arno Holtz , o americano Lewis Caroll e os brazucas Filinto Elísio , Odorico Mendes e Joaquim de Sousândrade , já empregavam semelhante artifício , bem antes do escritor irlandês … e vários outros continuaram a usar tais palavras depois de Joyce ( de Guimarães Rosa a Arnaldo Xavier , passando pelos concretos )…

Pois é , aqui a maioria dos nomes proprios são compostos … Uma tarefa maluca seria reunir uma exagese destes nomes em um livro …

Um exemplo , é um nome que ouvi : Kenislan … segundo a pessoa assim denominada , trata-se de uma homenagem ao politico americano “Kennedy” e ao jogador do selecionado italiano “Lancelotti” , que disputou a copa de 1978 …uma dúvida : Por que é que foram escolher alguém da esquadra azzurra , uma vez que aquele escrete alcançou apenas o quarto lugar ??? Lembrando daquela copa , surge uma hipótese : na primeira fase a Itália derrotara os donos da casa ( a Argentina ) e era a sensação do certame , perdendo depois a vaga na final para a Holanda e posteriormente o terceiro lugar para a seleção de Pindorama … é possivel que ela tenha nascido antes da derrota para os holandeses … será ???

Mistérios do terceiro mundo …

Está difícil postar imagens … Paciência …

Enqüanto leio a tradução de Finnengans Wake ( de James Joyce ) feita por Donaldo Sücher , complemento a leitura com “Panaroma de Finnegans Wake” dos irmãos ( Augusto e Haroldo de Campos ). Desta vez eu não errei na digitação , pois é PANAROMA ( palavra extraída do livro supra-citado ) e não “panorama” .

Leia este fragmento :

“what roserude and oragious grows gelb and greem, blue out of the ind of it. Violet´s dyed! (que rugirosa ouranja ou âmbars, é de ver de azul da anihilina. Violeta ex tinta. Notar a sutileza do jogo homonímico da palavra dyed (tingir) e die (morrer) e que a tradução tentou recriar com o trocadilho ex tinta.”

( James Joyce – Tradução: Augusto e Haroldo de Campos )

Aqui em Jericoacoara parece que estou dentro de um quadro do Pancetti …

Citação do dia :

” Minha loucura, outros que me a tomem.

Com o que nela ia.

Sem a loucura que é o homem

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria?”

( Fernando Pessoa )

Caminhado na praia da Fontes ( a leste de Fortaleza ) , ao observar as falésias lembrei-me deste escrito :

” A audácia mais bela é a do fim da vida. Admiro-a em Joyce , como admirei em Mallarmé , em Beethoven e nalguns raríssimos artistas cuja obra terminam em falésias e que apresentam ao futuro a face mais abrupta do gênio.”

( André Gide )

A TAPIOCA TAPUIA

Para um paulistano , uma viagem ao nordeste é ao mesmo tempo um choque e um reencontro com algumas partes de sua cidade natal … da mesma forma que uma visita a Roma é uma redescoberta do Brás e do Bexiga e uma viagem a Tóquio deve ser ( pois nunca fui lá ) uma volta à Liberdade , uma ida às metrópoles nordestinas é um retorno ao Largo de Pinheiros , ao Largo 13 de Maio , etc …

Um aspecto da cultura nordestina que me surpreendeu positivamente foi ouvir mais uma vez a música de Luiz Gonzaga … após escutar axé , música sertaneja e outras coisas , estive em um bar a ouvir o velho Lua e fiquei pensando na riqueza de suas composições …

Tal como blues , o baião é uma música modal , ou seja com poucos acordes , em comparação com a música tonal ( jazz , bossa nova , jovem guarda , samba , etc ) , porém a restrição harmônica , paradoxalmente , permite uma maior liberdade melódica … não liberdade no sentido de usar mais notas ( ao contrário , pois a música modal só utiliza uma única escala ) , mas uma liberdade de combinar notas sem ter que mudar de escala ( pois a melodia não fica mais enjaulada pela harmonia ) …É mais ou menos o mesmo processo que realizo ao escolher poucas cores ( economia cromática ) : É QUANDO O MENOS TORNA-SE MAIS !!!

Este lugar é um centro cultural chamado Dragão do Mar onde a arquitetura neoclássica se integra com um edifício pós-moderno , com um bonito mural em pastilhas cerâmicas feito por Aldemir Martins . Vou ver se encontro por aqui algum painel de outro pintor cearense : Antônio Bandeira …

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Cheguei ontem em Fortaleza , onde já visitei uma praia linda ( Barra de Cauípe ) e já começei a degustar as delícias da culinária local …

Antes porém , gostaria de reproduzir aqui um e-mail , que recebi na véspera do embarque , que me emocionou muito … leiam :

” SEMANA DE ARTE MODERNA

Tive o prazer de participar esta semana de uma reunião bastante fora do comum, o encontro de 4 jovens amigos de faculdade,artistas,arquitetos com alma de gente que voa e quer mais, lembrou-me aqueles bons e culturais saraus onde pessoas educadas, cabeças pensantes encontravam-se para ler poesia, tocar piano, discutir as últimas notícias da província, enfim, trocar informações, energia. Infelizmente estes mesmos saraus tornaram-se reuniões de gente pequeno burguesa, metidas a formadores de opiniões, pessoas que citam revistas, jornais, mas não são capazes de ter uma idéia original sequer, ou os achadores de alguma coisa. Mas não esses 4 jovens (não tão jovens em idade), mas, com olhinhos brilhantes, gestos ampliados, vozes altas, esfomeados por informações, dar e receber, poderia compara-los aquelas bandas de garage, é ali que começa alguma coisa, escrevendo assim, parece que estou falando de pessoas inexperientes, não é verdade, todos eles tem trabalhos que já foram expostos e continuam trabalhando em suas casas, ou atêlies emprovisados, nunca abandoram o processo criativo, a diferença é que tiveram que sobreviver, e para isso os pinceis ficaram em 2º plano, mas a chama está alí, foi um deleite para uma leiga como eu ficar ouvindo as esplanações sobre este ou aquele estilo, este ou aquele pintor, em sua generosidade, eles até pararam um pouco para ouvir minhas opiniões, quanta generosidade! mas provavelmente eu contei com a sorte de já estar bastante adiantado o estado etílico criativo de cada um, pois voaram de Velasquez para Picasso, e sem mais nem menos, vá entender os artistas, alguém perguntou qual era mesmo a utilidade de um bidê nos dias de hoje, tudo dentro de algum processo criativo, acho eu! O importante mesmo rapazes é o seguinte: Não deixem a brasa apagar, mantenham-se vivos, não desistam de seus sonhos, nós, os amantes de todas as expressões de arte que alimentam o espírito,precisamos de vocês, jovens José Geraldo, Javé,Flavio e Casarini acreditem, por quê eu acreditei.

Vou ficando por aqui, aguardando uma nova oportunidade!”

( Tânia Chyspyta )