Skip to content

{ Tag Archives } literatura

BENITO CERENO – Herman Melville – Tradução: Bruno Gambarotto – Editora Grua Livros

“Benito Cereno continua suscitando polêmicas.Há quem julgue a obra-prima de Melville e uma das obras-primas da literatura. Há quem o considere um erro ou uma série de erros. Há quem tenha sugerido que Herman Melville propôs-se a escrever um texto deliberadamente inexplicável que fosse um símbolo cabal deste mundo, também inexplicável.”

(Jorge Luis Borges)

É uma pena que meu amigo Arnaldo Xavier não esteja mais entre nós para que eu pudesse comentar esta pequena obra-prima com ele… Em uma leitura superficial, parece uma novela de piratas racista e escravagista… prestando mais atenção, percebemos que o racismo está na cabeça de um dos personagens, o Capitão Amasa Delano (e que isto impede que ele perceba mais claramente o que está se passando), tendo o livro então uma mensagem anti-escravagista, na qual os negros seriam o oposto do esteriótipo de “escravo amável” de Gilberto Freyre, sendo que toda a obra estaria estruturada em torno de um personagem complexo (o escravo Babo)… já outros acham que Melville estava pouco se lixando para estas questões, que arrasado e endividado pelo fracasso de Moby Dick, ele procurou criar uma novela tensa e contundente com personagens marcantes e que os conflitos raciais presentes no livro
decorrem da época em que ele foi escrito (cinco anos antes da Guerra da Secessão)… Seja qual for a interpretação, todos concordam que este livro genial mexe com a cabeça do leitor…

Este livro foi tranposto para o cinema em 1969, numa produção franco-ítalo-brasileira dirigida por Serge Roullet… bem que
o Tarantino poderia refilmá-lo…

Also tagged

O ESTRANGEIRO – Albert Camus – Tradução; Valerie Rumjanek – Reli este livro quase quarenta anos depois da primeira vez… (na verdade foi o maior intervalo de minhas releituras)… e agora percebi que ele professava uma filosofia profética… não que eu me identifique com o modo como o Sr. Meursault (personagem principal e narrador) via o mundo (muito pelo contrário)… porém lendo o livro percebemos que a apologia da indiferença (preconizada por Camus em 1957) hoje se tornou o pensamento dominante… naquela época uma pessoa assassinar um desconhecido porque o sol estava muito forte era algo inusitado… hoje vemos assassinatos por motivos ainda mais fúteis…

Also tagged

Seminário do Ratos – Lygia Fagundes Telles

Ganhei este exemplar autografado na primavera de 1986 e agora reli… Bom, porém desigual… mas tem três contos geniais: “A Sauna”, “A Mão no Ombro” e “A Consulta” … aliás o primeiro livro dela “Praia Viva” foi editado pela Livraria Martins em 1944.

Also tagged

Sepulcros de Vaqueros – Roberto Bolaño -Editora Alfaguara – Ainda inédito em Pindorama, este livro póstumo do escritor chileno mexicanizado, reúne três novelas: “Patria”, “Sepulcros de Vaqueros” e “Comedia del horror de Francia”… As duas primeiras relatam o golpe militar, com personagens de outros livros, na primeira temos o poeta aviador Carlos Ramírez (personagem de “Estrela Distante”) enquanto na segunda temos o jovem poeta Arturo Belano (personagem de “Detetives Selvagens”)… porém a terceira novela é a melhor de todas… uma estória passsada na Guiana Francesa sobre grupos de escritores surrealistas… logo mais deve sair no Brasil!!!

Also tagged

Associação dos Solitários Anônimos -Rosário Fusco -Ateliê Editoral

Leiam a epígrafe:

“Assim como o sobrenatural é o reverso do natural, o supra-real é o outro lado do real, o por-detrás.
Eis por que tudo que existe, sendo natural, é real.
Mas nem todo o real é existente.”

(Rosário Fusco)

Also tagged

Los Sinsabores del Verdarero Policía – Roberto Bolaño – Anagrama… este livro foi publicado em Pindorama pela Companhia das Letras em 2013: As Desventuras do Verdadeiro Tira.
Este livro é uma espécie de complemento da obra prima do mesmo autor: 2666, sendo que vários personagens estão presentes em ambos livros. Temos o passado do professor de literatura Amalfitano, um resumo das obras de escritor Arcomboldi, etc…
Alguns personagens deste livro também são encontrados em “Chamadas Telefônicas” como o soldado andaluz que serviu na legião azul (voluntários espanhóis que lutaram na segunda guerra) e o pistoleiro Pancho Monge ( que em 2666 chama-se Lalo Cura)…
Considero que este é um bom livro do Bolaño, e mesmo que seja inferior a “Detetives Selvagens” e “2666”, tem vários momentos geniais…
A imagem pode conter: texto

Also tagged

Um dos maiores clássicos da literatura mundial é o livro “A Sombra do Vulcão” de Malcolm Lowry… fiz questão de relê-lo aos pés do vulcão Villarrica

Also tagged

Acabei de ler “Jaqueta Branca ou O mundo em um navio de guerra” de Herman Melville – tradução Rogério Bettoni – Editora Carambaia.

Nesta obra, Melville baseado em sua experiência como tripulante da Marinha Norte-Americana, descreve o microcosmo do dia-a-dia de um navio, que partindo da costa do Pacífico contorna o Cabo Horn, faz uma pausa no Rio de Janeiro (quando nosso imperador Pedro II visita a embarcação) e retorna à Boston. À primeira vista seria um livro entediante, porém quem escreve bem sabe escrever… além de metáforas geniais, o autor faz uma crítica à hipocrisia da disciplina da marinha.

Na verdade , amigo leitor, mon frère, o melhor trecho do livro é o capítulo final, mas não quero ser um estraga-prazeres e contar o fim do livro, então vai aqui um trecho no qual o autor imagina uma cena do juízo final dos navios de guerra de todas as épocas ambientada na baía de Guanabara:

“Arquipélago Rio! Antes de Noé ancorar sua arca no velho Ararate, ancoraram em ti todas essas ilhas verdes e rochosas que agora vejo. Mas Deus não construiu em vós, ilhas, aquelas longas ilhas de baterias , tampouco nosso abençoado Salvador foi padrinho de batismo da carrancuda Fortaleza de Santa Cruz, ainda nomeada em homenagem a ele, o Príncipe da Paz!

Anfiteatro Rio! Em sua ampla extensão poderiam acontecer a Ressurreição e o Dia do Juízo dos navios de Guerra do mundo todo, representados pelas capitânias das frotas – as capitânias das galés armadas fenícias de Tiro e Sidon; das esquadras do rei Salomão que todo ano navegavam rumo a Ofir, de onde, tempos depois, talvez zarparam as frotas de Acapulco dos espanhóis, cheias de lingotes de ouro como lastro; de todas as embarcações gregas e persas que trocaram o abraço bélico na ilha de Salamina; de todas as gales romanas e egípcias que, como águias, escorrendo sangue pelas proas, bicaram-se em Áccio; de todas as quilhas dinamarquesas dos vikings; dos rápidos torpedeiros de Abba Thule, rei do Palau, quando partiu para conquistar Artingall; de todas as frotas venezianas, genovesas e papais que se uniram na batalha de Lepanto; dos dois cornos da crescente Armada Espanhola; da esquadra portuguesa que, sob o comando do galante Gama, castigou os mouros e descobriu as Molucas; de todas as frotas holandesas lideradas por Van Tromp e naufragadas pelo almirante Hawke; dos 47 navios de linha franceses e espanhóis que, durante três meses, tentaram tomar Gibraltar; de todos os navios de 74 canhões de Nelson, que bombardearam São Vicente, o Nilo, Copenhague e Trafalgar; de todos os navios da Companhia das Índias Orientais; dos brigues de guerra, corvetas e escunas de Perry que dispersaram as forças britânicas no lago Erie; de todos os corsários berberes capturados por Bainbridge; das canoas de Guerra dos reis polinésios, Tammahammaha e Pomare – sim!, todos juntos, com o comodoro Noé como seu lorde grande almirante; nessa abundante baía do Rio, todas essas captânias poderiam ancorar e balancar em harmonia até chegar a primeira onda do dilúvio.”

Also tagged

“Primeiro Caderno do Alumno ee Poesia Oswald de Andrade” – Companhia das Letras… edição fac-similar a edição que o autor imprimiu em 1927, segundo Augusto de Campos o mais belo de poesias impresso em Pindorama. Capa de Tarsila, ilustrações de próprio autor.

Also tagged

Kassel no invita a la lógica – Enrique Vila-Matas – Editora Seix Barral.

Este livro é uma mistura de ensaio e ficção sobre a participação do autor na Documenta de Kassel em 2012 . Resolvi ler no original, mas tem também traduzido para o português “Não há lugar para a lógica em Kassel” – Editora Cosacnaif

Also tagged