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{ Tag Archives } culinária

SALTIMBOCA A LA ROMANA

Tempere alguns filet-mignons com sal e pimenta-do-reino moída na hora .

Coloque uma folha de sálvia ( colhida na hora , se possível ) e uma grossa fatia de presunto cru sobre os filés e espete-os com um palito . Doure os filés na manteiga e então separe sobre uma bandeja . Despeje em uma panela uma xícara de algum vinho branco decente ( eu usei um Torrontés uruguayo ) e ferva até reduzir pela metade , em seguida despeje sobre os filés …

Sirva com arroz e beba o restante do vinho …

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TEMPEROS MODERNOS

Ontem após uma reunião profissional , no centro de São Paulo , resolvi almoçar no Lírico na R. Líbero Badaró , afinal devia fazer mais de um ano que eu não comia lá … andei pela referida via e não achei o restaurante … quando estava quase chegando na Av. São João dei meia-volta e caminhei em direção ao Viaduto do Chá …quando de repente , não mais que de repente , eu avisto … Não !!! Não !!! Não !!! Eu não acreditei … dentro de um restaurante por quilo com cara de novo , reconheci sob uma camada de pintura texturizada na cor salmão , um mesanino com uma balaustrada curva sustentado por colunas cilindricas em estilo art-nouveu : ERA o Lírico , hoje é mais um quilinho … Resolvi almoçar lá … observar estes verdadeiros circos de aberrações gastronômicas super-iluminados por luminárias cromadas , abarrotado de mesas , onde pessoas mal vestidas se alimentam de um tipo de comida no qual o frango tem gosto de alface e o alface do frango. Não era auto-flagelação não … acho divertido !!! A exemplo da minha doce e linda namorada , também tenho por passatempo observar a alimentação média do típico emboaba , pois como ela mesmo diz : “Vendo o que eles tem no prato , poderemos observar suas vidas inteiras , perceber claramente seus estilos de vida , suas músicas preferidas, suas roupas deselegantes , suas desarmonias corporais , suas férias medíocres , seus penteados patéticos , suas risadas eqüinas”.
A maioria vai de arroz , feijão , rondelli com molho rosé , lingüiça e batata frita … outros preferem “criar” : aí está a chave do sucesso do quilinhos (o citado , por sinal estava bem cheio ) : ele permitem um livre exercício ( e por que não , um aperfeiçoamento ) da mediocridade ontológica destas pessoas . Elas ficam libertas para escolher suas próprias misturas e nesta escolha revelam as contradições intrísecas de suas pobres existências … já vi cada coisa : paella com feijão , coxinha de frango com sushi , salmão com salsicha , etc … imagino que a estrutura psíquica das pessoas que criaram tais pratos seja uma coisa parecida , um amontoado de elementos díspares , que de uma certa maneira se anulam , da mesma forma que um sabor agridoce anula um sabor cítrico e vice-versa.
Esta observação das pessoas se servindo revela muitas e muitas coisas …
Por exemplo , outro dia em outro restaurante por quilo ( desta vez dentro de um shopping ) um sujeito misturava feijoada com molho madeira … O que ele fazia enquanto ele se servia ??? Lia Dante Alighieri ou falava boçalidades ao celular ???

PS.: Algum desavisado poderá me acusar de estar comentando trivialidades , em vez de estar falado de coisa mais sérias , pois a cidade está assolada pelo caos , em uma espécie de guerra civil …
Porém poucos notam que a desestrutura social é produto de um amontoado de pessoas , cuja incoerência psiquica se reflete em uma desordenação de sabores , em uma mistura insólita de temperos …

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SOBRE VINHOS …

Aprecio os vinhos do Novo Mundo : o Cabernet Sauvignon chileno , o Tannat uruguaio , o Malbec argentino , o Shiraz autraliano , etc … são feitos de uva que “deram certo” , que se adaptaram em um condições geográficas específicas … porém são vinhos ou varietais ( feitos com um único tipo de uva ) ou misturados com combinações previsíveis ( Cabernet Sauvignon e Merlot , por exemplo ) , embora muitos saborosas …
Já os vinhos do Velho Mundo são mais complexos … o vinho português que eu estou bebericando agora , um vinho da região do Ribatejo , é feito das uvas “Periquita” , “Trincadeira” e “Preto Martinho” …
Portugal tem uma enorme variedade de castas de uva comos nomes mais esquisitos , só na região de Trás-os-Montes , por exemplo , temos as seguintes castas de uvas tintas : Alicante , Alvarelhão , Alvarelhão Ceitão , Aragonez , Aramon , Baga , Barca , Barreto , Bastardo , Bouschet , Bragão , Camarate , Carignan , Carrega Tinto , Casculho , Catelão , Castelã , Cidadelhe , Concieira , Cornifesto , Corropio , Donzelinho Tinto , Engomada , Espadeiro , Gonçalo Pires , Grand Noir , Granjeal , Jaen , Lourela , Malandra , Malvasia Preta , Marufo, Melra, Mondet , Mourisco de Semente , Nevoeira , Patorra , Petit Bouschet , Pinot Noir , Português Azul , Preto Martinho , Ricoca , Roseira , Rufete , Santareno , São Saúl , Sevilhão , Sousão , Tinta Aguiar , Tinta Barroca , Tinta Carvalha , Tinta Fontes , Tinta Francisca , Tinta Lameira , Tinta Martins , Tinta Mesquita , Tinta Penajóia , Tinta Pereira , Tinta Pomar , Tinta Tabuaço , Tinto Cão , Tinto Sem Nome , Touriga Fêmea , Touriga Franca , Touriga Nacional , Trincadeira , Vaidosa e Varejoa … nossa !!! Até parece trecho do Finnegan’s Wake !!!

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JÁ COMPREI O VINHO TANNAT, SÓ FALTA O CASSOULET …

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Um dos termos mais interessantes da lingua inglesa é a palavra “spirit” para designar bebida destilada … em Lisboa observei mais de uma , vez o termo traduzido como “espirituais” nos cardápios dos bares … Pois bem , nesta semana provei dois espirituais bem distinos : um grego denominado Ouzo , a base de aniz , que embora lembre o arak , possui um gosto final muito mais suave ( ideal como digestivo do carneiro com molho de limão e azeite acompanhado de batatas , que degustei em um restaurante no bairro de Santo Amaro ) … Outro foi um destilado de batatas japonês chamado Shochu , que lembra um Boubon não envelhecido ( transparente ) , só que um pouco mais suave e mais aromático … gostei dos dois …
Agora neste final de semana … vou degutar um Sauvignon Blanc chamado Santa Rita 120 , que segundo consta no rótulo possui aromas que evocam pomelos (grapefruits ) , flores de limoeiro , pêssegos , damascos e agradáveis tons ligeiramente herbáceos … vamos ver se é tudo isso que estão dizendo … e para comer um rigatoni com atum , alcaparrones , manjericão , tomate , azeitonas e óleo de oliva ; cuja receita semelhante consta na última publicação de GULA … embora a receita da revista recomende o uso de alcaparras normais , minha adorável namorada prefere o uso de alcaparrones , que além de menos salgada , é sempre um pretexto para um delicioso Dry Martins ( ver receita publicada neste blog no dia 27/06/2002 ).

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Hoje vou escrever sobre culinária , mais precisamente sobre uma receita criada por mim e pela minha namorada que tem nome de azeite … trata-se do PENNE A LÁ MORALEZ & MARTINS uma pasta que une o despojamento e universalidade da cozinha italiana aos sabores da Índia mística e milenar …
Entendo que as receitas não devem ser quantitativas , uma vez que a gastronomia lida com odores e sabores , fatores avessos a lógica matemática . Edgar Allan Poe ( ou melhor : uma de suas personagens : C. Auguste Dupin) já afirmava que : “O raciocínio matemático não passa da lógica aplicada à observação de formas e quantidades” , ou seja como diziam as antigas cozinheiras : tudo é feito “no olho” , nada deste negócio de tantos gramas disto ou duas xícaras e meia daquilo . Mas vamos ao que verdadeiramente interessa :
Pique algumas cebolinhas e junte muitas folhas de salsinha e deixe tudo em um pratinho descansando, em outro prato moa grosso castanhas de caju , e em outro corte cogumelos frescos em grande quantidade ; reserve estes três pratos para mais tarde. Corte uma cebola em rodelas e depois refogue na manteiga . Faça um molho branco, então despeje um tanto quanto de curry ( em pó ) sobre o molho branco e mexa até adquirir a cor âmbar característica , quando estiver pronto jogue a cebola sobre o molho âmbar e mexa em fogo-baixo .
Ponha então a pasta em água fervente e enquanto cozinha, finalize o molho ambar colocando salsinha , a cebolinha , o caju moído e os cogumelos e mexa um pouco mais . Escorra o penne , ponha-o em uma travessa e jogue o molho âmbar por cima … e boa viagem!! Para acompanhar água-com-gás e um vinho tinto mediamente encorpado com taninos suaves ( um bom malbec , por exemplo ). Ouça , se possível , a música “Férias na Índia”, um clássico da Jovem Guarda , na voz de Nilton César.

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SABORES PERDIDOS X SABORES NOVOS

De vez em quando alguém fala de um sabor que desapareceu, lembrando de alguma marca de cerveja extinta ( como a Black Princess , Sulamericana , Brahma Porter , Cerma Alt , etc. ) , de algum salgadinho que não existe mais ( como a empanada chilena que era servida em uma pequena rotisseria que havia no cruzamento da R. Chibarás com a Al. Tupiniquins ) ou de algum restaurante especial que fechou as portas ( como o “Cantinho de Goa” , situado na esquina da Av. Santo Amaro com a R. Pavão , que servia uma comida indiana aportuguesada ) .
Na verdade , ao degustarmos sabores que achávamos perdidos , percebemos que o sabor nos remete à lembrança da época em que saboreávamos ou bebericávamos tal coisa . Recentemente ao experimentar a salteña (empanada) boliviana do Bar Exquisito lembrei-me do gosto da empanada que era servida no Rei das Batidas … diferentemente da empanada argentina , esta tem recheio de batata e possui massa mais adocicada … vieram então as lembranças das longas conversas regadas a cerveja com meus amigos Fábio Casarini , Flávio Pinto Teixeira de Carvalho , Franco Luiz Nardini e Milton Carlos Silvério …
Analisando sistematicamente diversos aspectos gastronômicos , perceberemos que a situação geral melhorou , e muito … vamos a alguns exemplos :

– Hoje em qualquer pizzaria da Paulicéia , percebemos a presença de azeites aromatizados ( com alho , alecrim , etc. ) … sem contar as lojas especializadas em azeite … antigamente só havia azeite Carbonell.
– Os vinhos argentinos , chilenos e uruguaios melhoraram muito ultimamente , enquanto que o espumante nacional está cada vez melhor . A fabricação de vinhos no nosso continente ressussitou as uvas Malbec e Carmenére , muitas surpresas virão … eu , enquanto escrevo estas linhas , saboreio um Malbec – Verdot 2003 da Finca El Retiro , um vinho bom e barato , adjetivos que não poderiam ser usados juntos para se definir um vinho no início da década passada .
– Antes as pizzas eram só Mussarela , Atum , Aliche , Portuguesa e Calabresa . Hoje temos uma enorme variedade de pizzas … muitas se incorporaram no cardápio ( como a de rúcula com tomate seco , criada pelo Melão na pizzaria “I Vitellonni” ) … outras são verdaderiras aberrações gastronômicas ( como a pizza de milho verde ) , mas o importante é a variedade , cada um que escolha a sua …
– Agora , encontramos em diversos locais boas marcas de presunto cru desde “Salamanca” de Catanduva ao Jamón Pata Negra , passando pelo presunto de parma , ( mais suave porém menos saboroso ) … antes presunto cru era Sadia e olhe lá …
– Lembro-me que ao voltar de Visconde de Mauá em 1986 , comentava com todo mundo que tinha achado genial que naquela cidade todos os botecos tinham cerveja Bohemia , parecia coisa de outro mundo… Hoje em todo o lugar você tropeça com esta marca ( Alguns refutarão , dizendo que a Bohemia de Petrópolis antes de ser comprada pela Antarctica , era uma cerveja infinitamente melhor do que a que é engarrafada hoje em Jaguariúna … Porém a oferta de fermentados melhora dia-a-dia , por exemplo , tomar um Chopp Guinness em São Paulo , era impossível a uns cinco anos atrás ) .
Em resumo como observou minha namorada Maria Olívia , aumentou a oferta de quitutes , acepipes e gêneros de necessidade que tornam nossa vida mais interessante , a qualidade melhorou e diversas coisas se tornaram mais baratas … porém nada disto adianta se não tivermos um paladar apurado .

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