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{ Tag Archives } Citações

“A transpiração inspira, tanto quanto a inspiração transpira”

( Mário Chamie )

Sempre achei muito simplista a idéia de que “arte é 10% de inspiração e 90% de transpiração” … acho a supracitada frase de Chamie de uma felicidade ímpar … li ela em uma entrevista que o criador da Poesia Praxis concedeu a revista do SESC deste mês , matéria por sinal muito esclarecedora … é curiosa a rixa dele com os concretos , bem como os grupos de artistas e veículos de imprensa que tomaram partido, tanto de um grupo como de outro … Quanto a mim , sigo as sábias palavras do saudoso Arnaldo Xavier : ” Num país de analfabetos como o nosso , não podemos jogar pedras em quem escreve bem , seja de um lado seja de outro” …

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Citação do dia:

Hospitalario y fiel en su reflejo
donde a ser apariencia se acostumbra
el material vivir, está el espejo
como un claro de luna en la penumbra.

Pompa le da en las noches la flotante
claridad de la lámpara, y tristeza
la rosa que en el vaso agonizante
también en él inclina la cabeza.

Si hace doble al dolor, también repite
las cosas que me son jardín del alma.
Y acaso espera que algún día habite

en la ilusión de su azulada calma
el Huésped que le deje reflejadas
frentes juntas y manos enlazadas.

( Enrique Banchs )

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Acabei de ler “Dublin ao Sul” de Isidoro Blaisten ( editora A Girafa ), leiam um pedaço:

“’Àries: signo de energia criadora, de açôes rápidas, de decisões repentinas, vôo anímico que o leva a alturas insuspeitadas, e já estou ouvindo a música do final, quando o boxeador aturdido se levanta de repente, quando dá ali ao lado do ringue com o rosto da mocinha, que veio correndo e está olhando para ele, e se levanta e se acomete e acaba com o pobre diabo contra as cordas, e está meio morto mas continua batendo do mesmo jeito, e e lhe dá de todo modo até que o árbitro tem que pará-lo, porque senão o mata, e ao final lhe levanta a mão. Que música, essa, gordo! Pobres deles! A mão levantada, o rosto banhado de sangue e os olhos da mocinha que choram em primeiro plano. Pobres deles, ! Que merda sabem. Olhe, cada vez que estou bem altruísticamente motivado, com vôo anímico, autenticamente natural, sinto essa música dentro de mim, a cada momento. E a do ferroviário que, no final, faz explodir a bomba ente as balas dos nazistas que o estão ferrando a tiros? E a do velhinho lutando sozinho com o mar? E a do tenor paralítico que, quando a ópera está quase acabando, rapidamente se levanta, e caminha, e passa a cantar, e o teatro vem abaixo com aplausos? O que sabem esses? Eu sinto vozes quando ouço essas músicas …”

( Isidoro Blaisten – tradução : Mauro Gama )

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“Não vivi:
sonhei a vida.

Talvez aqui
continue a sonhar.

Não façam bulha.
Não quero acordar.”

( Mário da Silva Brito )

Ao chegar em Pindorama, tive a triste notícia do falecimento de um dos nossos melhores poetas : Mário da Silva Brito. Como ele era amigo do meu pai, eu acabei conhecendo-o, e quando íamos ao Rio, sempre nós íamos visitá-lo, em seu pequeno apartamento em Copacabana … tenho até hoje um exemplar de “Suíte em Dor Maior” (Editora Civilização Brasileira) com uma bela dedicatória …Mas não façamos bulha, pois ele precisa sonhar …

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Nem só de passear, comer e beber se resume uma viagem … Estou lendo Textos Recobrados de Borges, em espanhol é claro, pois quando viajo para países de lingua espanhola nao costumo ler livros em português … Fiquem com uma frase :

“Existen dos estéticas: la estética pasiva de los espejos y la estética activa de los prismas. Guiado por la primera, el arte se transforma en una copia de la objetividad del medio ambiente o de la historia psíquica del individuo. Guiado por la segunda, el arte se redime, hace del mundo su instrumento, y forja- mas allá de las cárceles espaciales y temporales- su visión personal.”

( Jorge Luis Borges )

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Citação do dia:

“A arte também é apenas uma maneira de viver. A gente pode preparar-se para ela sem o saber, vivendo de qualquer forma. Em tudo o que é verdadeiro, está-se mais perto dela do que nas falsas profissões meio-artísticas. Estas, dando a ilusão de uma proximidade da arte, praticamente negam e atacam a existência de qualquer arte. Assim o faz, mais ou menos todo o jornalismo, quase toda critica e três quartos daquilo que se chama e se quer chamar literatura.”

( Rainer Maria Rlke – tradução : Paulo Rónai )

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Citação do dia:

“Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas.”

( Rainer Maria Rilke – tradução: Paulo Rónai )

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Após terminar “Moby Dick” ( Herman Melville ) li “Noturno do Chile” escrito pelo chileno-mexicanizado Roberto Bolaño … Não é tão genial como “Detetives Selvagens” , mas vale a pena ler … Hoje vejo no jornal que estão lançando em Pindorama outra obra deste grande escritor , desta vez um livro de contos , chamado “Putas Assassinas” , vamos conferir … Fiquem com um fragmento de “Noturno do Chile” :

“(…) e então o entardecer dos arredores de Avignon se tingia de um vermelho intenso, como o vermelho dos crepúsculos que você vê da janela de um avião, ou o vermelho dos amanheceres, quando você acorda suavemente com o ruído dos motores assobiando nos ouvidos, corre a cortininha do avião e distingue no horizonte uma linha vermelha como uma veia, a femoral do planeta, a aorta do planeta, que pouco a pouco vai inchando, essa veia de sangue, foi a que vi nos céus de Avignon (…)”

( Roberto Bolaño – tradução : Eduardo Brandão )

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Citação do dia :

“Sim, muita é a vez que, depois dos mais severos e ininterruptos trabalhos que não conhecem noite, varando por noventa e seis horas; quando só saem do bote, onde incharam os pulsos de remar todo o dia no equador, e ganham o convés para carregar vastas correntes e mourejar no pesado cabrestante, e talhar e cortar, sim, e para ser, em seus proprios suores, enfumaçados e queimados de novo pelos ardores conjugados do sol equatorial e do forno também equatorial; quando, na cola de tudo isso, se moveram para limpar o navio e deixá-lo alvo como uma leiteria, muita é a vez que os pobres marinheiros, a abotoar a gola da blusa, são alertados com o grito de “Lá esguicha ela!” e voam para atacar outra baleia, e passam cansativamente por tudo aquilo de novo. Oh! Meus amigos, mas isto é matar um homem! E todavia esta é a vida. Pois bem nós, mortais, com longas labutas extraímos do vasto corpo do mundo seu escasso mas valioso espermacete; nem bem, com fatigada paciência, nos limpamos das sujeiras deste mesmo mundo, e aprendemos a viver aqui, nos puros tabernáculos da alma, nem bem fazemos isso, quando -“Lá esguicha ela!”- jorra a alma, e lá velejamos outro mundo e atravessar de novo a velha rotina da vida jovem.”

( Herman Melville – tradução : Péricles Eugênio da Silva Ramos )

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Em 1962 a livraria da família ( Livraria Martins Editora ) publicou um livro, “Deus da Chuva e da Morte”, de um então jovem escritor e músico : Jorge Mautner … é curioso que a heroína do livro é a cantora Maysa transformada em personagem ( porém grafada com a letra “i” ao invés da letra “y” ), leiam um pedaço :

“Maisa os deuses são teus irmãos e a tua tristeza é a mistura da agonia do ser humano do mundo inteiro e a loucura da mudança de cores que tem o nosso céu: a chuva e o sol repentinos, nosso povo incompleto ainda não formado, imperfeito e por isso grande! Nossa indecisão, nossos complexos, nosso balançar entre a superficialidade e o profundo e isso é profundo. Maisa você nasceu no mesmo ambiente que eu. Nós somos aristocratas idiotas de emoções refinadas com a desistência de tudo gravada em nossa carne pálida. Você freqüentou o mar elegante daquela praia linda e idiota que você sabe qual é. Depois andou de carro, fumou cigarro americano, teve dinheiro, tocou violão, o mar cinzento, a rua asfaltada, o bairro bonito das árvores verdes cheio de gente idiota. E que remédio?- Nós tinhamos que ficar assim e é glorioso ser assim, é vida é tragédia, sou eu!”

( Jorge Mautner )

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