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{ Monthly Archives } abril 2025

SÉRIE DE INTERMITÊNCIAS

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TOM JONES – Henry Fielding – Nova Cultural – Tradução: Jorge Pádua Conceição

Tom Jones é considerado um dos precursores do romance moderdo. Dividido em dezoito livros, cada um precedido por um prólogo no qual o autor dialoga com o leitor, uma inovação na época… é curioso que se em 1749, (ano no qual o livro foi publicado) isto era uma inovação, dez anos depois, o romance moderno entraria em outro patamar com a publicação de “A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy” de Laurence Sterne…  e Henry Fielding não pode acompanhar esta evolução pois faleceu em 1754 em Lisboa, onde foi enterrado no cemitério dos Ingleses .

Quando li Tom Jones não havia me inteirado do contexto literário no qual a obra foi escrita, mas deu para perceber claramente que é um libelo contra o conservadorismo, a hipocrisia e as rígidas regras sociais da época… após a leitura, descobri que Henry Fielding, um escritor que vivia uma vida mais descontraída, tinha um rival, chamado Samuel Richardson, um moralista arraigado, e que “Tom Jones” foi escrito em resposta a “Clarisse Harlowe”de Richardson…

Interessante que neste duelo de estilos, que Fielding zombe até mesmo  da suposta seriedade dos escritores da época, como no primeiro capítulo do livro sétimo, onde após confessar que  muitas vezes havia traduzido trechos dos melhores autores antigos sem citar o original, justifica tais plágios com a seguinte teoria:

“Os antigos pode ser considerados um rico pasto comum, onde todo e qualquer proprietário no Parnaso goza do livre direito de engordar a sua musa. Ou, para colocá-lo a uma luz mais clara, nós os modernos, somos para os antigos o que são os pobres para os ricos. Por pobres subentendo a imensa e venerável irmandade que denominamos a canalha. Ora, quem quer que tenha tido a honra de tratar com alguma intimidade essa canalha, há de saber perfeitamente que é um dos seus preceitos filmados saquear os vizinhos  ricos sem nenhuma relutância; o que, para eles, não é tido na conta nem de pecado, nem de ignomínia. (…) Da mesma maneira devem os antigos, tais como Homero, Virgílio, Horácio, Cícero, e o resto, ser considerado por nós, escritores, outros tantos fidalgos ricos, de que nós, os pobres do Parnaso, reinvindicamos um costume imemoriável de tirar o que quer que se nos depare. Essa liberdade exijo-a eu, e estou igualmente pronto a outorgá-la de novo aos meus vizinhos pobres por seu turno.”

Na próxima vez que for a Lisboa, pretendo prestar homenagem na tumba deste grande escritor…

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