ABC DA LITERATURA – Erza Pound – Editora Cultrix – Tradução: Augusto de Campos e José Paulo Paes
Este é um tratado básico para aqueles que buscam uma real abertura de horizontes mentais através da literatura… nele Pound classifica as três formas de poesia: melopéia, fanopéia e logopéia (*) e os escritores como: inventores, mestres, diluidores, bons escritores sem qualidades salientes, beletristas e lançadores de modas; nele Pound discorre sobre Ovídio, Homero, a poesia medieval (Seafarer), provençal (Guillaume de Poictiers, Bertran de Born, Bernard de Ventadourd, Arnault Daniel, Guido Cavalcanti), oriental (Li T`ai Po), Geofrey Chaucer (que ele afirma se melhor do que Shakespeare), John Donne, Robert Herrick, e até sobre o romance (**)
Porém a mais importante lição do livro é a noção de que a “grande literatura é simplemente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”
Além do dito retromencionado neste livro, Pound exprime duas de suas mais famosas sentenças: “os artistas são as antenas da raça” seguida por “uma nação que negligencia as percepções de seus artistas entra em declínio”… Só por estas duas frases podemos perceber uma das causas do declínio de Pindorama, nação que negligenciou Gregório de Matos, Sousândrade, Mário Faustino, Arnaldo Xavier, entre outros…
O único aspecto negativo referente a tradução é que há vários textos em inglês antigo que não estão traduzidos… aqui fica a pegunta: alguém que consegue ler estes trechos no original, necessita ler o resto do livro traduzido? Porém como forma de compensação, os tradutores acrescentam um apêndice com uma mini-antologia do paideuma (***) poundiano, com trechos das obras dos autores citados no primeiro parágrafo e também de François Villon, Robert Browning, Edward Fitzgerald, Tristan Corbière e Arthur Rimbaud, entre outros.
(*) melopéia = poesia orientada pelo som e ritmo das palavras, fanopéia = poesia orientada pela imagem ou imaginação visual, poesia orientada pelo intelecto.
(**) “ Se vocês quiserem estudar o romance, leiam o que houver de melhor do gênero, tudo o que eu sei a respeito de romances, eu aprendi lendo:
Tom Jones, de Fielding.
Tristram Shandy e The Sentimental Journey, de Sterne (…)
Os romances de Jane Austen e Trollope”
(***) Paideuma: a ordenação do conhecimento de modo que o próximo homem (ou geração) possa achar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar um mínimo de tempo com ítens obsoletos.
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