ATOS HUMANOS – Han Kang – Editora Todavia – Tradução Ji Yun Kim

No meu modesto conhecimento de literatura não li muitos vencedores do prêmio Nobel, somente Thomas Mann, Luigi Pirandello, T.S. Eliot, William Faulker, Winston Churchill, Albert Camus, Jean-Paul Sartre, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Márquez, Octavio Paz, Kasuo Ishiguro e Annie Ernaux … é muito pouco, por isso é sempre recomendável aumentar a lista, mesmo que este prêmio não signifique muita coisa, afinal Jorge Luis Borges, James Joyce, Guimarães Rosa, Marcel Proust, Erza Pound, Haroldo de Campos, Fernando Pessoa, Antonio Tabucchi, Georges Perec , Hida Hilst, W. G. Sebald ou Thomas Pynchon não ganharam o prêmio Nobel.

Neste intuito resolvi ler “Atos Humanos” escrito pela sul-coreana Han Kang, a mais recente vencedora deste prêmio, embora não com esta obra…

Utilizando várias formas narrativas, o livro mostra diversos personagens vivendo em tempos distintos, porém cujas vidas se entrelaçam em torno de um personagem central, o estudante Dongho, vítima do massacre de Gwangiu, uma insurreição ocorrida entre 18 a 27 de Maio de 1980, contra o ditador Chun Doo-hwan que havia dado um golpe de estado em 12 de Dezembro de 1979.

Expondo facetas da fragilidade humana e da ausência de valor da vida em um ambiente repressivo, o livro exprime uma mensagem de resiliência ao mal, que a primeira vista parece ser exclusiva do pensamento oriental, mas que também é encontrada nas passagens dos evangelhos de Mateus (5,38) e Lucas (6,29), quando Jesus fala em oferecer a outra face (há inclusive um capítulo em que uma personagem descreve separadamente os sete tapas na cara que recebeu em um interrogatório).

Confesso que não é um livro que me extasiou, porém na época atual com tantas mazelas, uma obra que exalte de forma poética a solidariedade, a entrega descompromissada, a dignidade humana,mesmo não sendo genial,  sempre merece ser lida.

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