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{ Monthly Archives } novembro 2024

EL LIBRO DE TODOS LOS AMORES – Agustín Fernández Mallo – Editora Seix Barral

Mescla de romance e ensaio o livro conta a estória de um professor de latim uruguaio que passa um ano sabático em Veneza, enquanto que sua namorada, uma escritora (também uruguaia), que está escrevendo um tratado sobre o amor, retorna a cidade para reencontrá-lo. A narração ocorre algum momento do presente século, quando a sociedade caminha para a beira de um colapso. 

Intercalado com a narrativa das andanças do casal, segue em paralelo, o texto que a escritora está escrevendo: uma série de pequenos diálogos e um inventário  das mais diversas formas de amor.

Li este livro no começo do ano, agora releio-o pinçando um ou outro pedaço, em um processo de lenta digestão literária… vejam só que interessante é esta reflexão, que traduzi assim:

“Ela lhe disse:

        O amor é uma fantasia.

Ele lhe disse:

       Mas é uma fantasia exata.

A tecnologia, em todas sua variantes mais especialmente desde a aparição da eletrônica e mais tarde das redes sociais, tem experimentado um crescimento exponencial. Entretanto, a percepção que nós humanos temos de nosso entorno não cresce exponencialmente, porém acontece sempre em um mesmo ritmo, linearmente. Tal falta de conciliação entre ambos fenômenos indica, em primeiro lugar, que já faz muitos anos que o avanço tecnológico escapa a nossa apreensão do entorno – cada vez menos imediato e mais vasto – , e em segundo lugar que chegará um dia no qual o crescimento exponencial da tecnologia será tão ascendente que quase alcançará a linha vertical, quando então nem sequer poderemos detetar o que nos rodeia. Não haverá então percepção humana que possa assistir a tal mudança; o entorno tecnológico fugirá de nós, sem mais nem menos. Mas isto também indica que o amor – coisa que no ser humano aparece súbita e instantâneamente , e que portanto cresce de modo exponencial – será a única coisa que em sua fuga poderá acompanhar a tecnologia. Será então o amor a solitária testemunha que dará conta dos acontecimentos.  Não sera a “Internet das coisas” o que nos salvará da solidão individual, mas o amor das coisas. Pode ser inclusive que pelas leis elementais do contágio viral o amor se faça tecnologia, e vice-versa, a tecnologia adquira um halo de pulsão amorosa até agora somente possível nos ossos da coxas das fadas e nos solitários olhos dos cíclopes (Amor exponencial).”

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