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YO SIEMPRE REGRESSO A LOS PEZONES Y AL PUNTO 7 DEL TRACTATUS – Agustin Fernández Mallo – Editora Alfaguara

Em um hotel vazio devido ao final da temporada de turismo em Mahón, a capital de Menorca (uma das ilhas Baleares da Espanha)… um homem dialoga com o fantasma da mulher que o abandonou…  O relato, um discurso amoroso fraturado através de uma série de poemas em prosa narrados de maneira fragmentária, em um tom estóico no qual se destacam alguns oxímoros (*) e paradoxos (**) em que alguns trechos escritos reaparecem ao longo da obra (como na música clássica serialista), mostra a cidade abandonada devido ao final da temporada turística, relembra as horas de amor, os porres de gin, os passeios pela ilha, a paisagem portuária, etc.

Várias destas situações são comentadas por um personagem insólito: o pictograma masculino na porta do banheiro  do bar frequentado pelo narrador, vejam um exemplo: 

“Quando a mulher que te espera sentada naquela mesa ali, te abandonar , você vai acessar um lugar inconcebível até então, como apertar simultâneamente as teclas Enter e Escape, como eu, que por escrever grosserias nas paredes fui condenado a morrer e a não morrer aqui crucificado (parafusado como eles dizem), me disse o bonequinho do banheiro.” (a tradução é minha)

Na minha opinião este é o fator mais revolucionário desta obra: o pictograma masculino na porta do banheiro (el monigote de la puerta W.C.)… na poesia concreta os pictogramas foram incorporados como elementos gráficos na estrutura do poema… nesta obra, porém o pictograma não é mais aquele elemento gráfico, mas sim um personagem, na verdade o único interlocutor com o narrador… Quem conhece um pouco semiótica irá perceber até onde Agustín Fernández Mallo chegou… Muito provavelmente Décio Pignatari não leu este livro (***) mas se lesse iria adorar…

(*)“Pássaros sem céu, chuva sem céu, planetas sem céu…”

(**) “te busco e te encontro. Não te busco e também te encontro”

(***) Esta obra foi publicada originalmente em 2001 em uma tiragem reduzida sem distribuição em livrarias e só foi republicado em 2012 (ano do falecimento de Décio Pignatari).

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