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fevereiro 2014
ZAPEANDO O CONTROLE REMOTO EM UMA SEXTA-FEIRA DE CARNAVAL
Segundo o dito popular, a mente feminina é composta de uma caixa na qual estão misturados vários assuntos: família, sexo, trabalho, novelas, manutenção da casa, vestuário, etc… enquanto que a mente masculina é um conjunto de compartimentos, um para o futebol, outro para a família, outro para o sexo, e assim por diante, inclusive um que é vazio… é neste que o cérebro masculino está sintonizado quando muda repentinamente (“zapeia”) o controle remoto da televisão…
Naquele sexta-feira de carnaval, Josias Germano estava zapeando em frente a seu aparelho de tevê enquanto sua fiel escudeira Marília Olávia, dormia sob a brisa de um silencioso ventilador numa escaldante noite tropical…
O nosso protagonista deparou-se com vários desfiles das escola de samba e enquanto mudava de canal ficou pensando que tais desfiles foram instituídos durante a ditadura do Estado Novo, inspirados em desfiles militares, como forma de introduzir um caráter militarizante no inconsciente coletivo do pobre povo de Pindorama… é claro que Josias Germano não era tolo a ponto de crer que o samba era fruto do Estado Novo, como alguns pseudo-historiadores querem nos fazer acreditar (*)…
Josias Germano bebia cerveja puro malte e comia frios sortidos… aprendera esta lição lendo Antônio Maria:
“No Carnaval prometi a mim mesmo que não sairia de casa. Fiz uma reserva de frios e cervejas (…) Na terça feira de manhã tive que refazer o estoque de cervejas na geladeira. Também os frios, que não se acabaram, mas empalideceram(**).
Então o nosso protagonista resolveu mudar de canal mais uma vez, não aguentava mais aquela coisa de carnaval, “antigamente fazia algum sentido, mas a coisa começou a ficar muito igual… muito globeleza… antes eu me interessava pelos desfiles do Salgueiro, da Portela, da Mangueira, do Vai-Vai… agora não tenho paciência… com a Copa do Mundo está acontecendo a mesma coisa… antigamente eu ficava esperando sair as tabelinhas da copa, fazia simulações, prognósticos… era uma alegria a Copa do Mundo… depois a coisa foi se pasteurizando, ganhando importância e chatice… agora está uma babaquice que não tem tamanho… até na cor dos uniformes resolveram intervir… imagine num Brasil X Itália, os canarinhos terão que jogar com o calção branco e os italianos com o calção azul, ou seja totalmente descaracterizados (***)…
Por uma incrível coincidência,. Quando ele mudou de canal apareceu um programa sobre a História de Todas as Copas, mais precisamente sobre a Copa de 1990, então ele instantâneamente mudou de canal “se fosse uma outra Copa eu até poderia assistir, mas esta jamais”… o Brasil sendo eliminado pela Argentina, a mediocridade de Lazaroni, a seleção da era Collor de Melo…
Porém na mudança de canal apareceu uma luta de UFC… “se fosse uma boa luta de boxe, eu assistiria com prazer… mas esta coisa não dá pra assistir.. é por isso que o boxe americano está decadente… por causa desta bobagem de UFC… os atuais campeões de pesos pesados (nas várias associações) são dois irmãos ucranianos… nas olimpíadas de Londres o boxe olímpico americano fez o maior papelão… tudo culpa desta onda de UFC”
Então passou por inúmeros programas: alienígenas do passado, caminhoneiros percorrendo geleiras canadenses, surfistas fazendo programa de culinária, etc.. até descobrir que numa tevê alternativa estava passando “Der Leone Have Sept Cabeças” que Glauber Rocha filmou no Congo em 1970…
Josias Germano então lembrou-se das teorias do filósofo Vilém Flussler, a respeito da pré-história, história e pós-história…a primeira era foi dominada pela imagem… a segunda pela escrita… a terceira (que se iniciou no final do século XIX com a invenção da fotografia) está sendo dominada pela imagem codificada por meios técnológicos (fotografia, cinema, internet), ou seja, não pelas puras imagens icônicas do passado, mas pelas imagens transcritas pos meios submetidos a ciência, porém sem o aparato lógico da linguagem escrita…
“Esta linguagem estará fadada a se desligar das amarras da racionalidade…não mais a linguagem lógica, mas a linguagem do inconsciente… a linguagem do futuro… feita somente de imagens puras, sem roteiros, diálogos, etc…”
O filme estava na metade, ele reviu até o final… então ele zapeou novamente… de novo uma imagem de carnaval… “Quem pula é cabrito!!!” pensou enquanto desligava a tevê…
(*) Esta história de samba ser fruto do Estado Novo getulista é uma enorme asneira… só como exemplo, confrontando a saga de Getúlio com a biografia do maior sambista de todos os tempos iremos ver que ”Com que Roupa?” de Noel Rosa foi composta em 1929, uma ano antes da Revolução de 30 e que o Sambista da Vila compôs suas 259 canções antes da instalação da ditadura getulista em 1937…
(**) A crônica da qual tirei esta citação foi escrita em 13/02/1964, precisamente a 50 anos antes deste mini-conto que foi escrito em 13/02/2014
(***) Pela nova regra da obtusa instituição, uma seleção não poderá jogar com peças da mesma cor da camisa do adversário… isto somado a recente determinação na alternância entre o claro e o escura de calções e meiões (já incorporada no futebol brasileiro), vai descaracterizar totalmente os jogos da competição.
O Casamento dos Arnolfini, 1434 ~ Jan van Eyck
OS DETETIVES GELADOS
(Roberto Bolaño)
Sonhei com detetives gelados, detetives latino-americanos
que tentavam manter os olhos abertos
no meio do sonho.
Sonhei com crimes horríveis
e com tipos cuidadosos
que procuravam não pisar em poças de sangue
e ao mesmo tempo cobrir com uma só olhada
a cena do crime.
Sonhei com detetives perdidos
no espelho convexo dos Arnolfini*:
nossa época, nossas perspectivas,
nossos modelos do Espanto.
LOS DETECTIVES HELADOS
Soñé con detectives helados, detectives latinoamericanos
que intentaban mantener los ojos abiertos
en medio del sueño.
Soñé con crímenes horribles
y con tipos cuidadosos
que procuraban no pisar los charcos de sangre
y al mismo tiempo abarcar con una sola mirada
el escenario del crimen.
Soñé con detectives perdidos
en el espejo convexo de los Arnolfini:
nuestra época, nuestras perspectivas,
nuestros modelos del Espanto.
O espelho convexo dos Arnolfini
(*) O “espelho convexo dos Arnolfini” é um detalhe do quadro “O Casamento dos Arnolfini”, a mais famosa pintura de Jan van Eyck, realizada em 1434, que se encotra atualmente na National Gallery em Londres. No espelho podemos observar, atrás do casal Arnolfini que está de costas, mais duas figuras: o sacerdote que realiza a cerimônia e o próprio autor. Nota-se acima do quadro, na parede a seguinte inscrição “Johannes van Eyck fuit hic 1434″ (Jan van Eyck esteve aqui em 1434). Este é, na história da arte, o primeiro registro de um auto-retrato dentre uma cena diversa, recurso que teria inspirado Diego Velásquez na famosíssima pintura “La Família de Felipe IV” e que seria utilizado nos séculos vindouros. A idéia de um sonho com detetives perdidos neste famoso espelho, é ao meu ver a mais alta expressão artística na poesia de Roberto Bolaño, reunida no livro “La Universidad Desconocida” – Editorial Anagrama – Espanha – 2007, ainda inédita em Pindorama.
Tagged traduçõesAS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS (acrílica, spray e latex sobre compensado de madeira – 1987 )
Foto enviada pelo amigo Jonathas Magalhães.
Tagged pinturas