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{ Monthly Archives } maio 2010

Estava de mau-humor… afinal uma terrível dor de dente me obrigou ir a uma dentista em solo portenho e tive que ouvir o terrível diagnóstico sobre um dente inflamado que necessitará de um tratamento de canal no regresso a Pindorama… por enquanto: anti-inflamatório + antibiótico = nada de vinho ….logo aqui onde a bebida de Baco é ótima e barata… porém como ainda posso comer carne, meu bom-humor se reestabeleceu com uma visita ao La Cabrera (Calle La Cabrera 5099) onde experimentei o melhor bife de chorizo da minha vida (dica do grande amigo Javé, que aliás é um grande entendedor de carnes) …outra efeição genial foi no Tancat, um restaurante espanhol na Calle Paraguay 645 (chipirones, boquerones & calamares )…
No mais fomos em algumas exposições no Centro Cultural Borges: a do fotógrafo Steva Mc Curry, a do desenhista Luis Scafati, uma sobre a arquitetura dos cinemas portenhos e outra sobre jovens pintores (com destaque para Carlos Cañas, Alba Chiachio e Marta Grinner). Também visitei um lindo museu que inaugurou recentemente em Puerto Madero, a Coleción de Arte Amália Lacroze de Fortbat que possui um bom acervo com Turner, Brueghel, Klimt, Rodin, Andy Warhol, Xul Solar e artistas locais contemporâneos como Jorge de La Vega e Carlos Gorriarena… no mais passeamos por Vila Crespo, Palermo, Once, Almagro, e outros adoráveis bairros desta cidade…

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ACONTECEU NEM BUENOS AIRES

I

Aconteceu em Buenos Aires (La Capital Federal), mais precisamente na Plaza de Miserere, naquela praça imunda no cruzamento da Av. Rivadavia com a Av. Jujuy… Na verdade a nossa estória começa em outra parte da capital platina, mais precisamente nos arredores do Caminito, um dos lugares turísticos daquela cidade, (ao contrário da Plaza de Miserere que de turístico não tem nada)… Pois bem, estava Tobias Tomásio e sua mulher Búzya Berlametz a voltar de uma visita guiada ao famoso & amigo Caminito… Era a sétima vez que ele visitava a Argentina e estava um pouco enfastiado daquela turistada… ao contrário dela que, apesar de conhecer bem a Europa e Oriente Médio, nunca havia visitado aquele país e estava achando tudo o máximo… Ao passar em frente a um vendedor de choripan (pão com lingüiça) ela sentiu o cheirinho vindo da churrasqueira e disse olhando para ele:

– Estou com vontade de comer este sanduíche!!!

– Nem pensar- disse ele – depois de amanhã começaremos a percorrer todo este país e uma indisposição intestinal pode arruinar tudo… no final da viagem, quando regressarmos para cá você come, tá bom???

– Tá…disse ela, um tanto choramingante.

Na verdade ela ficou bastante contrariada e só para provocar comia as coisas mais diversas no decorrer da viagem: comeu carne de lhama, aquele cozido com milho, feijão branco, carne e pimenta ají (que se chama locro criollo), as famosas achuras: entranhas grelhadas: mollejas (timos), chinchulines (intestinos delgados), morcillas (linguiças de sangue)…comeu também carne de javali e de cordeiro patagônico… ele não, no máximo um bife de chorizo, mas preferia mesmo era pechuga al verdeo (peito de frango com molho de creme de leite e cebolinha)…

Depois de percorrer o país de Salta a Patagônia, pasando por Cafayate e Mendoza (afinal não dá para comer tudo isto aí em cima sem um bom vinho para ajudar na digestão); eles retornaram à Capital Federal e depois de tanta comida e tanto vinho eles queiram mesmo era um cafézinho… Tobias Tomásio que conhecia muito bem aquela cidade, resolveu levá-la à esquina que serve o melhor café da cidade, o único com gosto de café brasileiro, mais precisamente o Café La Perla na esquina da Av. Rivadavia com a Av. Jujuy no coração do Miserere… Ao sair do café, passando pela praça imunda cheia de miseráveis, eles voltaram a sentir aquele cheirinho característico, o cheiro do choripan (perdõe-me pelo trocadiho infeliz) e ele achando que ela não teria coragem de comer um sanduíche feito naquele lugar, só de brincadeira disse:

– Quer um benzinho???

– Mas é claro!!! disse ela sorridente.

Ele até tentou argumentar, dizendo que aquele lugar não tinha a higiene adequada, mas não teve jeito… Porém logo que se aproximou do vendedor de choripan, este encarou Tobias por alguns segundos e exclamou em português fluente:

– Se você veio até aqui para reclamar sobre aquela partida de futebol de botão, fique tranquilo, não vou discutir… você estava certo: aquele gol não valeu: antes de tocar na bolinha “meu jogador” esbarrou em um jogador teu…

Tobias Tomásio estava estupefado: aquele homem era Teodorico Tomásio, seu irmão que estivera desaparecido há trinta e dois anos… Foi após uma partida de futebol de botão, que Teodorico abriu a porta da casa de seus pais, (no bairro de Marapé na cidade de Santos) e saiu para nunca mais retornar. Mas por quê??? Por que você nunca mais retornou??? Veja, esta aqui é á Búzia, minha esposa, sirva um choripan para ela, primeiro… depois dispense este fogareiro e vamos todos comer e beber por minha conta comer no restaurante do Hipódromo de San Isidro, para celebrar o reencontro!!!

II

Foi um almoço maravilhoso, naquele restaurante chique possuidor da melhor e maior carta de vinhos da Grande Buenos Aires…Teodorico aos prantos pediu desculpas, e disse que sempre planejara fugir de casa, mas ninguém iria aceitar o motivo, e então arranjou um pretexto para uma discussão seguida de fuga: uma partida de futebol de botão… após um bate-boca com Tomásio, ele fugira de casa e partira da cidade em um circo com destino ao interior do estado de São Paulo, e daí seguira uma vida errante, foi bóia-fria em Minas Gerais, açougueiro em Goiás, segurança de boate em Mato Grosso (e Campeão de Tiro ao Alvo em Cuiabá), foi garçon no Paraguai e também compôs duas guarânias (uma foi gravada a outra permanece inédita), foi taxista na Bolívia (nas horas vagas jogava em um clube da segunda divisão daquele país), foi cozinheiro no Peru (o ceviche do restaurante em que ele trabalhava ganhou o segundo lugar em um concurso na cidade de Lima), foi motorista de ônibus no norte do Chile (disse que teve uma experiência mística a 5000 m de altitude, quando fazia o trajeto entre San Paedro do Atacama e Salta) e por fim vendedor de choripan na Argentina…

Tobias aceitou as desculpas, com a condição que seu irmão revelasse o verdadeiro motivo da fuga…

Então Teodorico revelou: Você se lembra da Noêmia??? A nossa professora de primeira comunhão… pois bem, ela dizia que no dia do juízo final iria passar um filme com a vida de cada um, e todos iriam assistir a vida de todos… então eu fiquei pensando que quando passasse o filme da minha vida, não poderia ter gente dormindo… imagine que vergonha, na hora que estão passando o filme com a sua vida você olha para o lado e vê uma fileira de gente dormindo… não, não dá… então eu resolvi fugir…

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Já saiu a nova TUDA. Além de um poema inédito de Arnaldo Xavier, tem também muita coisa boa, entre estas, um conto de Roniwalter Jatobá, e por falar nele não é que dias atrás o encontrei com sua cara metade almoçando em um restaurante da Calle Corrientes… Ah… e por falar em assuntos portenhos tem também na TUDA um mini-conto meu que se passa nesta adorável cidade…

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Estamos agora em Buenos Aires… ontem fomos a um bar de tango de verdade o Bar do Roberto na Calle Bulnes 331, no bairro de Almagro… A coisa era séria: em um bar antigo de verdade (nada desta coisa de falso bar-antigo que virou moda em São Paulo *) com um seviço adoravelmente amador (vários itens do cardápio não eram servidos pois não haviam os devidos ingredientes) , a partir da meia noite, apresentam-se duplas geniais .. em um mínusculo palco, sem microfone e só acompanhado por violões… o público fazia um silêncio exemplar e de vez em quando alguém subia ao palco e cantava alguma coisa… genial mesmo… nada desta macumba pra turista que é a maioria das casas de tango da capital federal…levamos a máquina fotográfica, mas a coisa era tão genuína que não tivemos coragem de fotografar… e para fechar a noite com chave de ouro, na volta as três da manhã, perguntamos ao motorista de taxi velhinho se a rádio que ele estava ouvindo era a 2 por 4 (a melhor estação de rádio para ouvir tango) ele ficou tão contente que nos deu uma revista chamada “Cambalache” com as indicações das melhores milongas da cidade!!!

(* Após as tropas nazistas invadirem a Grécia, Hitler foi visitar Atenas e ficou deslumbrado com as ruínas e mandou contruir falsas ruinas gregas de gesso em plena Berlim… acho que estes bares falsamente antigos da paulicéia são algo parecido)

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Saímos de Trevelin e como o tempo não estava bom preferimos voltar pela Ruta 40 ( a intenção original era voltar pelo mesmo caminho da ida)… É curioso como no sul da Argentina você anda, anda, anda e não encontra nada, não tem posto de gasolina, não tem nada mesmo…

voltamos para El Bolsón e nos hospedamos de novo na pousada Hamelin… como estávamos cansados de tanto rodar preferimos ficar na cidade…

no sábado, primeiro de maio, fomos a feira hippie que fica na praça ao redor deste magnifico espelho d’água…

a feira hippie é muito civilizada, as cervejarias artesanais tem barraquinhas que servem chopp (este é o da Cervejaria Rupestre), e ouras servem comidas…

no domingo o retornamos à  Bariloche…

e para comemorar, fomos outra vez ao “El Boliche de Alberto”, uma excelente parrilla onde o parrillero vem pessoalmente a mesa, anota o pedido (só a parte das carnes pois o resto do pedido fica a cargo dos garçons) e serve…

este é meio bife de chorizo (não estávamos muito famintos) que foi devidamente acompanhado de um bom Pinot/Merlot patagônico (fazemos questão de tomar só os vinhos da região)

depois para fazer a digestào, um passeio a beira do lago Nahuel Huapi

No dia seguinte fomos ao Cerro Campanário observar uma panorâmica da região…

e depois comemos um delicioso goulash acompanhado desta cerveja regional…

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UM RAIO DE SOL A DERRETER UM GLACIAL

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No dia seguinte pegamos a Ruta 259 com destino a paso de Futaleufu (divisa com o Chile)…

no meio do caminho há uma série de cachoeiras chamadas Nant y Fall…

chegamos até a fronteira com o Chile, mas como era preciso uma autorização para cruzar a fronteira com um carro alugado e nós não tinhamos, ficamos do lado argentino…

e fomos curtir um passeio na beira do Rio Futaleufu, que em Mapuche significa Rio Grande…

onde há enormes álamos amarelos…

sob os quais minha fiel escudeira adora caminhar…

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