PINDORAMA , AQUI ME TENS DE REGRESSO….
Regressei a nação emboaba , agora a penúltima em distribuição de renda … Deixando de lado os assuntos futebolísticos a parte ( a cusparada de Tévez na água de Parreira , foi de incrível mau gosto , porém não esqueçamos que trata-se de um jogador corintiano ) ; os portenhos e cidadãos de colônia tem semblantes menos tensos que os paulistanos … vêem–se menos pessoas sozinhas … os pais saem mais às ruas com as crianças ( as onze da noite na Av. Corrientes podemos observar famílias passeando ), não se avista indiscriminadamente o uso de celulares e de laps-top … eles são menos deslumbrados com a tecnologia ( que afinal não agrega nada ) … preferem ler … no metrô pude observar um cidadão lendo Balzac , no outro dia uma adolescente ao meu lado lia Freud … e apesar de alguns lapsos ( como o desconhecimento quase completo de Machado de Assis ) são bem mais civilizados , e mesmo em lugares horrorosos da capital portenha como a Praça dos Misereres ( no bairro do Once ) não há criancinhas cheirando cola de sapateiro .
Porém nem todas as coisas em Pindorama são mazelas … Acaba de sair a segunda versão de “Ulisses” de James Joyce em português , a cargo de Bernardina da Silveira Pinheiro . A comparação com a tradução de Houaiss deve sempre levar em conto o pioneirismo deste , como o fato que o filólogo teve bem menos tempo para traduzir … porém li pequenos trechos e percebi já um enorme mérito desta nova traduçào : ela colocou notas explicando o amontoado de citações e frases em grego , latim , alemão , etc … afinal uma pessoa que sabe que “Thalatta! Thalatta!” em grego quer dizer “O Mar! O Mar!” ou que “Visszontlátásra… Visszontlátásra!” em húngaro significa “Até a vista, meu querido amigo! Até a vista!” , não precisa ler a tradução e pode apreciar perfeitamente o original .
E por falar em Joyce , hoje é Bloomsday … pode parecer que , como todas a celebrações oficiais , esta seja um tanto quanto burocrática … porém se levarmos em conta que não estamos celebrando uma data da história real ( 7 de Setembro de 1822 , por exemplo ) , mas sim uma data em que se passa uma ficção , perceberemos o caráter revolucionário da comemoração …
Amanhã posto algumas fotos da viagem …
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