Fui assistir “Glauber O Filme Labirinto” de Silvio Tendler acompanhado pela minha vizinha Tânia Xyzpyta … No documentário , as imagens do enterro do cineasta baiano são misturadas com entrevistas e cenas dos filmes de Glauber … poderia ter ficado melhor se tivessem colocado mais cenas dos filmes , se não tivessem omitido filmes como “Maranhão 66” , “Amazonas , Amazonas”, “Cabezas Cortadas” e “História do Brasil” … e se tivesse menos depoimentos do pessoal do cinema novo ( poderiam entrevistar cineastas de sua geração não afinados com o cinema novo , como Zé do Caixão ou Júlio Bressane , para mostrar pontos de vista diferentes … )

Após a sessão , fomos em um restaurante japonês ( o melhor lugar para comer quando se está de ressaca de duas doses de bourbon e quase duas dezenas de chopps do dia anterior ) , e a TV a cabo ligada no Fantástico, os assuntos : o casamento de Kelly K e o divórcio de Luma de Oliveira e um suposto caso com um bombeiro …

“Ainda bem que Glauber não está vivo …” pensei , cerca de dois minutos depois Tânia Xyzpyta olhou para mim com seu olhar de três cores ( verde , amarelo e marrom ) e disse : ” – Ainda bem que Glauber não está vivo …”

NÓS ACREDITAMOS NA BÔLHA DE CRISTAL

Este título ( com acento circunflexo na palavra bolha ) é o que está escrito na parte de baixo da contra-capa da edição do jornal alternativo Rolling Stone ( versão de Pindorama ) de 30 de maio de 1972 , que ganhei de presente outro dia : há as mais diversas reportagens de “Lao-Tsé-O Velho Sábio” ( de onde eu tirei a citação de anteontem ) a “Paulo Bagunça e A Tropa Maldita – Som Negro no Harlem Carioca” ( se existe o Brooklin Paulista , porque não o Harlem Carioca ??? ) … Muitos me perguntarão : – Por que é que você coloca a contra-capa ao invés da capa ???

É porque se trata de contra-cultura e não de cultura … respondo lacônicamente.

E já que o assunto é publicação marginal dos anos setenta , bem que poderiam lançar uma segunda edição da NAVILOUCA …