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JOSÉ GERALDO EM RITMO DE AVENTURA

No final de semana passado , visitei duas exposições e fui em duas festas realizadas em residências de pintores . Bom , vamos por partes … Para começar visitei “O Retorno dos Gigantes” no MAM ( Parque do Ibirapuera ) … quase que não fui nesta mostra … é que eu não simapatizo com a vertente neo-expressionista …mas dentre engôdos & enganações ( em menor número do que esperava ) surgem pintores como Antonius Höckelmann , cujo traço em carvão expressivamente conciso , me remete às criações de Flávio P. T. Carvalho ( não confundir com o famoso Flávio de Carvalho ) ; Helmut Middendorf com “Eletric Night” ( dispersão sobre tela ) em que o pintor compensa a imperfeição da forma com uma escolha de cores brilhante ( procedimento também utilizado em “Postdamer Strasse”de Karl Horst Hödicke ) … é como um cantor que mesmo não tendo uma voz potente , escolhe um repertório decente … Gostei também da pintura de Rainer Fetting “Van Gogh o Retorno dos Gigantes” em que a expressão acentuadamente e expressivamente maligna dos rostos me lembrou a fase antiga de um certo pintor denominado Fábio Casarini … Destaque também para as aquarelas de Walter Dahn ( desenhos dourados ) . Saindo do MAM , dirigi-me à OCA para apreciar a exposicão “Art Revolution : A Bigger Splash” …

Com exeção a Turner e William Blake ( o último aliás , é o único integrante da História da Arte e também da História da Literatura ) , a ilha não possui pintores geniais tal qual o país da paella , a pátria do cassoulet ou a nação da lasanha … mesmo se analisarmos somente no âmbito da arte moderna , aquele pedaço de terra cercado por um mar de gin , não produziu um movimento como o construtivismo russo , o expressionismo abstrato norte-americano , o surrealismo ou o dadaísmo europeu … produziu pop-art , mas este não é um movimento tipicamente inglês , os yankees fizeram um pop-art mais consistente e mesmo o pop-art do país da feijoada é melhor … as obras de Gerchman , Tozzi e a fase de quadros de futebol de Maurício Nogueira Lima (*) , são um exemplo …

Porém tem muita coisa boa e não é a toa que Londres foi a metrópole cultural no final dos anos sessenta , basta recordar que Jimi Hendrix só fez sucesso quando saiu da nação da bandeira com listras e estrelas ( ou do estandarte estrelistrado ) …

Um fato paradoxal é que , embora não aprecie a arte conceitual , a obra que mais me encantou na oca foi “The Great Bear” ( A Ursa Maior ) de Simon Patterson : uma mapa do metrô de Londres em que os nomes das linhas foram substituídas por grupos de pessoas que desempenharam funções semelhantes , enquanto que , o nomes das estações foram substituídas por nome de pessoas famosas que pertenceram aos retro-mencionados grupos ; assim há : 1- Linha dos engenheiros ( estações : Ford , Robert Stephenson , etc . ) , 2 – Linha dos Luíses ( estações : Luís V , Luís VI , etc. ) , 3 – Linha dos Exploradores ( estações : Cabral , Odisseu ,Vasco da Gama , Captain Cook , Jacques Costeau , etc. ) , 4 – Linha dos Planetas ( estações : Mercúrio , Vênus , Marte , etc. ) , 5 – Linha dos Jornalistas ( estações com pessoas com nomes que não conheço ), 6 – Linha dos Futebolistas ( estações : Pelé , Maradona , Gordon Banks , Paul Gascoigne , etc. ) , 7 – Linha dos Músicos( estações : Vivaldi , Handel , etc. ) , 8 – Linha dos Atores ( estações : Walter Huston , John Huston , Angélica Huston , Jean Harlow, etc. ) , 9 – Linha dos Santos ( estações : São João , São Jorge , etc. ) , 10 – Linha dos Pintores Italianos ( estações : Ticiano , Piero de La Francesca , etc. ) , 11 – Linha dos Políticos Chineses ( estações : Li Xiannian , Mao Tse-Tung , etc. ) e 12 – Linha dos Comediantes ( estações : Jaques Tati , Buster Keaton, etc. ) …

Há também a brincadeira de Damien Hirst que reproduz embalagens de remédio em maior escala , só que com títulos de pratos do cardápio inglês como ; “Cornish Pasty” ou “Corned Beef” , fazendo uma espirituosa relação entre os conceitos de doença e de alimentação … E ainda as fotos de placas evocando heróis esquecidos de Susan Hiller ( pessoas que faleceram salvando criancinhas de um incêndio ou de um afogamento , em mil oitocentos e tanto )

Gostei também daquela litografia entitulada “Swingeing London 67” de Richard Hamilton , que mostra uma leitura pop da manchete de jornal que anuncia a prisão de um Rolling Stone ; da pintura vermelha praticamente monocromática de John Hoyland ; daquela pintura que mostra uma cabeça de touro empalhada em uma sala vazia com uma mesa sobre a qual repousa uma garrafa com um limão no gargalo cujo título é “Hemingway Never Ate Here” e finalmente declaro que até gostei de “A Bigger Splash” de David Hockney , embora confesse que nesta célebre tela , os elementos arquitetônicos me emocinam mais do que os pictóricos …

Não bastasse tudo isto , ainda vi no próprio atelier as mais novas aquarelas de Dudi Maia Rosa ( em uma pizzada no sábado ) e os mais recentes gouaches de Flávio P. T. Carvalho ( novamente não confundir com o famoso Flávio de Carvalho ) em um churrasco no domingo …

Amanhã se inicia mais outro fim-de-semana … e vamo-que-vamo !!!

(*) No acervo da Pinacoteca do Estado ( andar superior ) , há um raro exemplar desta fase , que sempre me fascina …

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