No Canto lll da Odisséia , Menelau ao narrar suas aventuras a Telêmaco , lembra-se de quando , após passar vinte dias retido na ilha de Faros , na costa egípicia , pela falta de ventos , vislumbrou a deusa Idótea , filha de Proteu , o Ancião do mar . A divindade aconselha-o a armar uma emboscada contra seu pai , e obrigá-lo a revelar um meio de poder retornar à sua pátria ( Lacedemônia ) . Menelau e mais três companheiros , entram em uma gruta vestidos com peles de focas recentemente esfoladas , com ambrosia debaixo do nariz ( para suportar o mau-cheiro de seus disfarces ) e aguardam Proteu , sair do mar ao meio-dia para revistar seu rebanho de focas … Então Menelau e seus ajudantes atiram-se sobre o velho , porém este se transforma em um leão , depois em um dragão , pantera , porco , água cristalina e em árvore frondosa … mas os aqueus não desistem e continuam a segurá-lo fortemente …então o Ancião do mar , extenuado revela que eles devem retornar ao Egito e realizar um sacrifício para Zeus , para que os deuses concedam o suspirado regresso …
Baseado neste tema o escritor argentino Jorge Luis Borges compôs dois poemas :
PROTEO
Antes que los remeros de Odiseo
fatigaran el mar color de vino
las inasibles formas adivino
de aquel dios cuyo nombre fue Proteo.
Pastor de los rebaños de los mares
y poseedor del don de profecía,
prefería ocultar lo que sabia
y entretejer oráculos dispares.
Urgido por las gentes asumía
la forma de un león o de una hoguera
o de árbol que da sombra a la ribera
o de agua que en el agua se perdía.
De Proteo el egipcio no te asombres,
tú, que eres uno y eres muchos hombres.(*)
(*)PROTEU
Antes que os remeiros de Odisseu
Fatigassem os mares cor de vinho,
As inapreensíveis formas adivinho
Daquele deus cujo nome foi Proteu.
Um pastor dos rebanhos desses mares
Que possuía o dom da profecia
Preferia ocultar o que sabia
E entretecer uns oráculos díspares.
Urgido pela gente, assumia
A forma de um leão, de uma fogueira
Ou de uma árvore que ensombra a ribeira
Ou de água que na água se perdia.
Com Proteu, o egípicio, não te assombres,
Tu, que és um e ao mesmo tempo muitos homens.
( Jorge Luis Borges – tradução Josely Vianna Baptista )
OTRA VERSIÓN DE PROTEO
Habitador de arenas recelosas,
mitad dios y mitad bestia marina,
ignoró la memoria, que se inclina
sobre el ayer y las perdidas cosas.
Otro tormento padeció Proteo
no menos cruel, saber lo que ya
encierra el porvenir: la puerta que se cierra
para siempre, el troyano y el aqueo.
Atrapado, asumía la inasible
forma del huracán o de la hoguera
o del tigre de oro o la pantera
o de agua que en el agua es invisible.
Tú también estás hecho de
inconstantes ayeres y mañanas.
Mientras, antes.(*)
(*)OUTRA VERSÃO DE PROTEU
Habitante de areias receosas,
Meio deus, meio fera marinha,
Ignorou a memória, que definha
Sobre o ontem e as perdidas coisas.
Outro tormento padeceu Proteu
Não menos cruel, saber o que encerra
O futuro: uma porta que cerra
Para sempre, o troiano e o aqueu.
Capturado, tomava a inapreensível
Forma do furacào e da fogueira
Ou do tigre de ouro ou da pantera
Ou de água que na água é invisível.
Tu também estás feito de inconstantes
Ontens e amanhãs. No entanto, antes…
( Jorge Luis Borges – tradução Josely Vianna Baptista )
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