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PAPELES FALSOS – Valeria Luiselli – Editora Sextopiso

Na minha opinião Valeria Luiselli é uma das maiores escritoras da atualidade, já li os livros dela editados em Pindorama, todos romances. Na última vez que estive em Montevidéu entrei na livraria Libros de la Arena e encontrei este livro… pensei que fosse inédito, porém descobri era uma edição do primeiro livro dela, um ensaio sobre literatura…

Na verdade não dá para separar a romancista da ensaísta… mesmo em seu ultimo romance ”Arquivo das Crianças Perdidas” há um pósfácio onde ela, explicando as diversas citações existentes no romance, relata que o primeiro dos cantos de Erza Pond é uma referência ao décimo primeiro livro da Odisséia de Homero, além é claro de diversas referências a T. S. Eliot, Joseph Conrad, Jerzy Andrzejewski, Rilke, Jua Rulfo, etc.

Papeles Falsos começa em uma visita ao cemitério San Michele na ilha lindeira a Veneza onde estão enterrados Erza Pound, Joseph Brodsky, Luchino Visconti, Igor Stravinsky e Sergei Diaghilev…depois ela discorre sobre vários assuntos como  a cartografia da Cidade do México, a diferença entre caminhar a pé, de carro ou de bicicleta, livros sobre poesia brasileira (*), a descoberta do vazio e do incerto dentro da palavra (**), a importância dos porteiros dos prédios, a classificação de escritores em relação a um espaço externo (***), até por fim um relato divertido de como ela se tornou uma cidadã de Veneza, retornado ao tema do início…

Quem tem familiaridade com o espanhol pode ler que valea a pena!!! Nas observações abaixo, a tradução dos textos dela é de minha autoria.

 (*) Há uma citação de um trecho de poesia brasileira (escrito em português) que eu pensava que fosse uma citação de algum autor nosso, mas pelo que pesquisei deve ter sido escrito por ela mesmo:

“calçadas que pisei

que me pisaram

como saber no asfalto da memória

o ponto em que começa a fantasia?”

(**) Torquato Neto já dizia que “cada palavra é uma cilada”, Valeria Luiselli afirma:

“cada palavra produz um silêncio mais além da qual não pode haver nenhum som, os nomes são a luva que cobre a prótese, a envoltura de uma ausência.”

(***) “Escritores que inventam cidades e se apossam de épocas inteiras com a empunhadura da pluma e o gume do gênio: a Londres da Chesterton e Johnson, a Paris de Rousseau e Baudelaire, a Dublin de Joyce (…) escritores que constroem estórias como palácios estraordinários ou ilhas desertas que logo habitam, como um personagem a mais de sua trama – talvez por aí andem Sebald, Melville, Conrad e Defoe.” 

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