FELISBERTO HERNÁNDEZ – OBRAS COMPLETAS VOL. 3 – TIERRAS DE LA MEMORIA – DIARIO DEL SINVERGUENZA – ÚLTIMAS INVENCIONES – Siglo Ventiuno Editores
Felisbero Hernández acreditava que sua especialidade estava em escrever o que não sabia, que tinha “que buscar feitos que deêm lugar a poesia, ao mistério e que sobrepassem e confundam a explicação”… sua obra é a melhor mostra desta concepção.
Em Pindorama, país de emboabas, temos somente uma publicação deste genial escritor, mas que abarca grande parte de seus melhores escritos: “O Cavalo Perdido e Outras Histórias” editado pela Cosac&Naif.
Além deste livro, temos as obras completas, mas somente na lingua espanhola. Aqui temos o volume 3 de suas obras completas… já havia lido o volume 2, que possui a obra mais significativa… o volume 1 nunca consegui encontrar em minhas andanças pelas livrarias de Buenos Aires e Montevideo…
Neste terceiro volume, temos o conto “O Crocodilo” que foi incluso na antologia brasileira, que conta a estória de um vendedor de tecidos ambulante que um dia ao entrar em uma residência no interior do Uruguai, enquanto esperava a dona de casa vir (pois e a estava em outro cômodo da casa), só por brincadeira começa a fingir que estava chorando, para entreter o filhinho da dona da casa… resultado: ele conseguiu vender seu produto e passou a adotar esta técnica, tornando-se o maior vendedor da empresa…
Temos outros escritos que não puderam ser inclusos na antologia brasileira, como “Terras da Memória”, relato de uma viagem que Felizberto Hernández fez em sua juventude a Mendonza, onde apresentou um concerto para piano (ele também era músico, tal qual Paul Bowles), e demais textos, onde entre fluxos de consciência errantes, e ponderações psicológias, temos pérolas como “Diário do Sem-vergonha”… leiam um fragmento:
“Ao começar este diário o autor acreditou descobrir, uma noite, que tinha uma enfermidade parecida com aqueles que pensam que uma parte de seu corpo não é mais dele. E depois passou por etapas, nas quais experimentou o seguinte: Todoseu corpo era alheio. Começou a buscar dentro deste corpo – com o qual tido estranhamentos desde muitos anos e havia terminado de chamar-lhe o sem vergonha – seu verdadeiro eu.
O corpo havia pensado e escrevendo em nome de um “eu” que não lhe pertencia e até seu próprio nome parecia ser deste corpo.
Todo este corpo não era, porém, desta outra pessoa: a cabeça pertencia a uma outra terceira. Este corpo e a cabeça tinham estranhos entendimentos e desentendimentos , mas os dois obstruíam a busca do “eu” do autor deste diário”
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