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O PENSAMENTO VIVO DE SCHOPENHAUER – Thomas Mann – Tradução_ Pedro Ferraz do Amaral – Livraria Martins Editora/Editora da Universidade de São Paulo

Nada como iniciar o ano lendo (ou relendo) algo sobre Schopenhauer… No meu caso havia acabado de ler “A Montanha Mágica” de Thomas Mann e para digerir melhor a leitura, intuí que deveria reler um resumo que este autor havia feito sobre Schopenhauer, em 1938. Na verdade neste livro Thomas Mann não resume todo o pensamento de Schopenhauer, e sim somente seu livro mais famoso “O Mundo como Vontade e Representação” como bem observou Jorge Luis Borges quando escreveu o prólogo da edição espanhola em 1939 (o prólogo do argentino pode ser encontrado em seu livro “Biblioteca Pessoal. Prólogos”).

A filosofia de Schopenhauer numa forma muito simplificada seria esta: A vontade de vida ao se objetivar criou os planetas, minerais, animais e humanos a medida em que se objetivava, ou seja, nós somos a vontade objetivada em seu grau mais elevado, e cada um de nós seria apenas uma representação de um pedacinho desta vontade de vida… porém toda a vontade só leva ao sofrimento, pois esta ao ser satisfeita gera o tédio que induz a uma nova vontade, e assim por diante… assim o mundo seria uma série de vontades competindo entre si, não se satisfazendo nunca e gerando cada vez mais sofrimento… um modo de escapar desta roda-viva seria arte, ou seja, o artista é alguém que se desliga momentaneamente das exigências da vida e contempla e reproduz “o espetáculo da vontade em sua representação” através da claridade de sua consciência… A arte seria então a representação da representação, uma peça teatral dentro de outra peça teatral (como em Hamlet)… porém o artista não vai muito além, pois ao reproduzir uma vontade representada acaba se confundindo com ela…

A outra maneira de de escapar desta roda-viva seria assumir que todas as pessoas são máscaras de uma só vontade, que todos são “uma pessoa só” (como na música homônima dos Mutantes), então cada um de nós teria que admitir que o sofrimento dos outros é o seu sofrimento, que a vontade dos outros é a sua vontade, ou seja, teríamos que renunciar a toda vontade individual para cumprirmos a vontade universal (ou a vontade de Deus), teríamos que nos tornar santos… mas ao renunciar totalmente a vontade o que restaria para aqueles que o fizeram seria o NADA.

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