Tenho o costume de ler diversas coisas ao mesmo tempo e muitas vezes noto semelhanças entre textos diferentes. No caso estou lendo lentamente “Textos Recobrados” ( que ficaram de fora das “Obras Completas” ) de Jorge Luis Borges ( em espanhol – Editora Emecê ) e semana passada comprei uma revista da Biblioteca EntreLivros sobre Machado de Assis … Vejam como um artigo do “Brujo de Palermo Viejo” – publicado na revista espanhola “Cosmópolis” em 1922 – versa sobre assunto semelhante a que se refere a crítica que João Adolfo Hansen tece sobre o “Bruxo de Cosme Velho” :
“Recordemos que Lichtenberg chamou o homem das rastlose Ursachentier, a infatigável besta causal. E se o princípio da causualidade fosse um mito, e cada estado de consciência – percepção, recordação ou idéia – não suspeitasse de nada, não tivesse esconderijos nem raizames com os demais nem significação profunda, e fosse unicamente o que parece ser em absoluta e confidencial inteireza?
(…) Nem o tempo é uma corrente onde se banham todos os fenômenos, nem o eu é um tronco que cingem com rotação pertinaz as sensações e idéias. Um prazer, por exemplo é um prazer, e defini-lo como o resultado de uma equação cujos termos são o mundo externo e a estrutura fisiológica do indivíduo, é um pedantismo incompreensível e prolixo. O céu azul, é céu e é azul (…)
Melhor dito: tudo está e nada é.”
( Jorge Luís Borges – tradução: José Geraldo de Barros Martins )
“A disposição descontínua contrapõe-se à narrativa tradicional de ‘começo-meio-fim’ e contraria a disposição positivista da história, que pressupõe a linearidade da ordem e do progresso. (…)
A técnica torna estranha a familiaridade do princípio de causalidade com que os romances do tempo fundamentam e legitima a memória e o reconhecimento do leitor, pois atinge sua ‘capacidade de recordar para a frente’ “
( João Adolfo Hansen – sobre os romances de Machado de Assis )
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