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Ganhei de meus pais , os três volumes dos Textos Recobrados ( recuperados ) de Jorge Luís Borges – Ed. Emecé , impresso naquele país cujo selecionado perdeu ontem para o escrete canarinho …

São textos que ficaram de fora dos quatro volumes das Obras Completas (lançadas aqui pela editora Globo) … há muita coisa boa :

Vejam por exemplo esta poesia que foi publicada na revista uruguaia Maldoror em 1985 .

EL DON

En una página de Plinio se lee

que en todo el orbe no hay dos caras iguales.

Una mujer le dio a un ciego la imagen

de su rostro, sin duda único.

Eligió la fotografía entre muchas;

descartó y acertó.

El acto fue significativo para ella

y también lo es para él.

Ella sabia que él no podía ver el regalo

y sabía que era un regalo.

Un invisible don es un hecho mágico.

Dar a un ciego una imagen

es dar algo tan tenue que bien puede ser infinito

es dar algo tan vago que puede ser el universo.

La inútil mano toca y no reconoce

la inalcanzable cara.(*)

(*) O DONATIVO

Em uma página de Plínio se lê

que em todo o planeta não há duas caras iguais.

Uma mulher deu a um cego a imagem

de deu rosto, sem dúvida único.

Escolheu uma fotografia entre muitas;

descartou e acertou.

O ato foi significativo para ela

e também foi para ele.

Ela sabia que ele não podia ver o presente

e que sabia que era um presente.

Um donativo invisível é um ato mágico.

Dar a um cego uma imagem

é dar algo tão tênue que bem pode ser o infinito

é dar algo tão vago que pode ser o universo.

A inútil mão toca e não reconhece

a inalcançável face.

( Jorge Luis Borges – Tradução : José Geraldo de Barros Martins )

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