Saí ontem para comer um crepe , e percorrendo o percurso entre Moema e Vila Madalena reparei a pouca quantidade de pessoas nas ruas … sei que este é um mês de férias , mas a noite paulistana está muito mais vazia do que deveria … aí caímos na citação de Walter Hugo Cury ( diretor do longa “Noite Vazia” ) … não tenho certeza , mas acho que já li um artigo de jornal com esta comparação , só que escrito em uma época de “periodo escolar” e quando o cineasta ainda estava vivo … Não vi “Noite Vazia” ( dizem que é inspirado em “A Noite” de Antonioni , que vi e não gostei ) , mas aprecio muito alguns filmes do cineasta ,como “As Amorosas” ( 1968 ) , com Paulo José , Lilian Lemmertz , Jacqueline Myrna , Anecy Rocha , Clarisse Abujamra , Júlia Lemmertz , Mutantes e Wesley Duke Lee , entre outros … A fita mostra um jovem niilista ( Paulo José ) em plena época do flower power e da agitação estudantil , que sem perspectivas , tenta saciar sua ansiedade em relações amorosas diversas , mas estas só o levam às frustrações maiores … pois como ensina Schopenhauer , desejo ( vontade ) e pessimismo sempre estiveram ligados :
“Todos os manuais , ensinam que Schopenhauer , foi o em primeiro lugar o filósofo da vontade , e em segundo lugar o do pessimismo . Mas não há primeiro nem segundo , : Schopenhauer , filósofo e psicólogo da vontade , não poderia não ser pessimista . A vontade é algo infeliz , fundamentalmente : é inquietude , necessidades , cobiça , apetite , anseio , dor , e um mundo da vontade tem que ser um mundo de sofrimentos.”
( Thomas Mann – tradução : Sérgio Molina )
Outra película de Cury exemplar é “Amor Voraz” (1984) , com Vera Fischer , Marcelo, Picchi , Lucinha Lins , Márcia Rodrigues , Bianca Byington , Cornélia Herr e Beth Martinez : leiam a sinopse do filme extraída do Dicionário de Filmes Brasileiros de Antônio Leão da Silva Neto :
” Numa casa situada no litoral , Ana (Vera Fischer ) repousa na companhia de algumas amigas , recuperando-se de um esgotamenteo nervoso muito sério. À beira de um lago que há em sua propriedade ela se encontra com um desconhecido ( Marcelo Picchi ) mudo e doente , com quem se comunica por telepatia e por quem se apaixona . A ela , homem confessa que vem de um planeta que está em processo de extinção , e que sua raça procura há milênios um local para onde possa emigrar . Enfrentando a oposição de suas companheiras , que a julgam louca , e que , à sua aceitação daquele homem silencioso , reagem com um misto de intolerância , medo e inveja da felicidade que ela parece encontrar ao seu lado , Ana vai assumir sua paixão pelo extraterrense , até o momento em que terá que conformar-se com a idéia de que , fracassada sua missão na terra , chegou a hora em que ele deve desaparecer.”
( Antônio Leão da Silva Neto )
Agora , com relação a noite paulistana , pergunto : será que é só a noite que está vazia ??? não estarão também vazias as pessoas ??? Seus anseios ??? Seus espíritos ??? Será o pessimismo schopenhauriano ??? Ou será apenas que as pessoas estão preferindo ficar em casa e assistir televisão ??? Interrogações …
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