Fui a Pinacoteca ver a mostra COSMOCOCA Programa in Progress de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida … na entrada comprei a revista “Ocas” que é vendida pelos moradores de rua e contém textos deles , entrevistas , etc … Pareceu-me ser um negócio interessante : o senhor que me vendeu , disse que este era o único projeto social que realmente lhe reestabelecera a dignidade : na nona página , a matéria sobre ele : uma pessoa com experiência em química que foi parar na sarjeta …
Lá dentro , quatro ambientes : um com colchões , outro com o piso em espuma e sólidos ( esferas , pirâmides e cubos de espuma ) , um terceiro com redes e o último com bolas de gás : em todos a projeção de slides tirados pelos realizadores nos quais retratos de Jimi Hendrix , Luis Buñuel , Marilyn Monroe , etc… eram “maquilados” com o famoso pó branco … o ambiente de espuma era o preferido da criançada que se divertia gargalhando enquanto recebia propaganda subliminar do entorpecente : será que estes pequeninos se tornarão cheiradores : tomara que não … a exposição vai até domingo que vem …
Segue um fragmento do texto explicativo do autor :
“MARILYN MONROE: a suposta unicidade da IMAGEM fragmentava-se ao resistir ao estereótipo q deveria definí-la e limita-la: todas as tentativas de amarrá-la a uma unicidade constante pareciam frustar-se ao final: havia algo q dissolvia essa unicidade: MAO-MARILYN: TV-ROCK: os BEATLES -> fragmentação q conduz a outro tipo de identificação -> q conduz ao comportamento e fragmenta o hábito unívoco do q é verbo-voco-visual: e nos faz rir a complacência da platéia macartista dos anos 50: e nos faz pensar com q efeito e unicidade certos conceitos e ‘pontos de vista’se impunham: de como era “estrangeiro’a ousadia de experimentar: de como PARIS de provincianismo latente se tornou na maior e única praça de experimentações nunca antes vistas: de como se pensava que a fragmentação devesse ser uma espécie de atomismo: o mundo dos objetos mesmo com a bomba pairando sobre sua unicidade seria transformável (reduzido ao átomo) mas nunca fragmentado enquanto todo: como imaginar q o cinema pudesse vir a ser algo não seqüencia e constância e fluir temporal: constância verbo-voco-visual: ???: yeah: eis a questão”
( Hélio Oiticica )
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