Quem está de passagem pela capital bandeirante é a escritora Suzana Cano ( que passou a se chamar Suzana Navarro ) … me telefonou e disse que irá relizar um sarau em uma cobertura no centrão … ela é sempre bem-vinda …
Aqui vai um texto seu recente …Alô , alô editores !!!
“todo dia o mesmo falido semblante do incesto, e seu comentário assíduo de que
nada me basta. todo dia a crítica concisa. me ocorre sempre um murro honesto.
um parâmetro fórceps tirano, assim nos tornamos incrédulos e basta. de
simpatia, vinho e saúde. o que ocorre impunemente é saudade, é pileque, assunto
cerrado. quando morde a auréola dos meus peitos a sua língua é pura vaidade. e
até o dorso, meus dentes em seu osso, de nada adianta. inexorável fogo, se gozo
e calo, finjo morta. não adianta adiante. nada vence a angústia da cicatriz na
têmpora. nada minimiza esta cabeça baixa, ninguém faz uma surpresa na hora
correta.
e de nojo, anjos disfarçados de morcegos me servirão dipirona sódica de novo
numa bandejinha dourada. destas da minha mãe, eles virão mesmo que magros e
reles, tristemente excessos, dando medo, eles virão me esconder o latejar
atemporal. e sendo erro para os incertos, penso às vezes, errado é o certo,
quando molho dentro. muito perto .pra quê. se já não tem mais o feito coração
rebento, já não tem mais o mesmo quinhão de lerdeza, bondade, sucção, aquilo q
me deu atitude e fogo na juventude. por que olhar perto se o meu é muito sente,
e pouco, muito, mesmo quando encanto a serpente com técnica científica e ponho
o fato de esmero no místico, ela vem e some, desce e sobe e o pseudocomando me
tange, o reflexo falha e o q apascento me censura tão forte, mas ainda é pouco,
seu riso na minha boca não chega, e se viesse, seria tarde. por enquanto uso
brincos, amarro lenços e lavo as partes, me pedem asseio, educação, mesura. no
meu sítio vide cão vou descalça, piso e deito, cheia de fome na cama branca,
com os pés imundos da cidade. vou errando porque mereço, o resto precede. sou
pura indescência, uma delícia.”
( Suzana Navarro )
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