Citação de dia :
“Camaradas-objetos :
O Supremo Conselho Revolucionário encarregou nosso grupo de trabalho da tarefa de elaborar uma Declaração dos Direitos Objetivos .
(…)
Qual é , prezados camaradas , a pretensa justificativa do poder repressor exercido até agora pela humanidade sobre os objetos ? A de sermos nós , os objetos , produtos humanos , inventados e construídos com o propósito de servirmos à humanidade . Tal justificativa seria ridícula , não fosse ela tão nefasta . Ridícula , porque ignora deliberadamente a dialética da produção , com o propósito maldisfarçado em degradar-nos em escravos natos .Como se produzir fosse tão-somente ação humana exercida sobre o mundo .Como se não existisse a ação do mundo contra a humanidade . E como nós , os objetos , não fôssemos precisamente a síntese entre a ação humana sobre o mundo e a ação do mundo sobre os homens . A pretensa justificativa visa esconder ideologicamente o fato de sermos nós , os objetos , a superação dialética tanto do mundo inanimado quanto da humanidade .
(…)
Passo decisivo em direção a tal emancipação do nosso condicionamento foi dado quando alguns camaradas se apoderaram da pesquisa científica e a transformaram em objetiva . Estou aludindo , obviamente ao momento histórico , no século XIX , quando as ciências , tanto as exatas quanto as inexatas , não mais podiam progredir sem nós e , sobretudo , sem nossa elite , os aparelhos . Outro passo foi dado quando , no século XX , as decisões dos aparelhos científicos assumiram complexidade suficiente para escapar ao controle da humanidade . Mas agora , em pleno século XXI , estamos verificando que tais passos iniciais não bastam para garantir nossa autonomia . A ciência , embora dirigida por nós , embora relegando aos homens tarefas meramente funcionais e sub-alternas , continua contaminada por valores . Se não conseguirmos eliminar os valores , tais remanescentes primitivos do nosso condicionamento animal , jamais alcançaremos a autêntica objetividade . (…) E tal suprema realização é a própria meta da Revolução na qual estamos empenhados .
(…) Mas sugiro que , enquanto a ciência não tiver ultrapassado a tendência para a valoração , continuaremos , nós os objetos presos à humanidade . E isto vale sobretudo para a ciência da cultura . Enquanto a cultura continuar a ser encarada como um conjunto de “bens” , e não como um conjunto lúdico , a nossa Revolução continuará ameaçada por reação humana . Caros camaradas : a desvalorização da cultura é a nossa tarefa suprema .
(…) No fundo a nossa Revolução não passa da inversão da relação “homem-objeto” . Em vez de funcionarmos em função da humanidade, esta passará a comportar-se em função do nosso funcionamento . Passamos nós a ser os animadores da humanidade é em função de mesas , tijolos , lâmpadas elétricas e aparelhos de TV que a humanidade vive , isto é em função de nós , os objetos , que a humanidade é animada . A nossa função , os objetos , é animar a humanidade , programá-la . Se tivermos plenamente nos conscientizados da nossa função , fundamentalmente filantrópica , teremos levado a nossa Revolução a sua gloriosa meta . “Animação cultural é pois nosso brado de guerra revolucionária vitoriosa .
(…) A animação cultural é o nosso Supremo Direito Objetivo . O governo que estamos prestes a estabelecer terá por Dever garantir este Direito Supremo .E todos os demais direitos objetivos decorrerão automáticamente de tal fonte (…) ”
( Vilém Flusser )
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