Skip to content

A citação de hoje é uma homenagem que o poeta Alfred de Vigny (1997-1863) fez a um garoto de 14 anos, Henri Mondeux (1826-1862), que ficou famoso na época, pois mesmo analfabeto e cuidando de ovelhas, era capaz de efetuar cálculos complicadíssimos…

LA POÉSIE DES NOMBRES

Les nombres, jeune enfant, dans le ciel t’apparaissent
Comme un mobile chÅ“ur d’esprits harmonieux,
Qui s’unissent dans l’air, se confondent, se pressent
En constellations faites pour tes grands yeux
Nos chiffres sont pour toi de lents degrés informes,
Qui gênent les pieds forts de tes nombres énormes,
Ralentissent leur pas, embarrassent leurs jeux.
Quand ta main les écrit, quand pour nous tu les nommes,
C’est pour te conformer au langage des hommes,
Mais on te voit souffrir de peindre lentement
Ces esprits lumineux en simulacres sombres,
Et par de lourds anneaux d’enchaîner ces beaux nombres
Qu’un seul de tes regards contemple en un moment.
Va, c’est la poésie, encor, qui dans ton âme
Peint l’algèbre infaillible en symboles de flamme,
Et t’emplit tout entier du divin élément:
Car le poète voit sas règle
Le mot secret de tous les sphynx;
Pour le ciel, il a l’Å“il de l’aigle,
Et pour la terre l’Å“il du lynx.

( Alfred de Vigny )

A POESIA DOS NÚMEROS

Os números, criança, no céu te aparecem,
Móvel coro de espíritos harmoniosos
Que se unem no ar, se confundem, se parecem,
Constelações perfeitas pra teus grandes olhos.
Para ti, as cifras são lentos degraus informes,
Embaraçam os pés de teus números enormes,
Vão retardar teus passos, estragar seus gozos;
Se tua mão os escreve ou desenha seus nomes,
É pra te conformar à linguagem dos homens;
Mas te vejo penar ao pintá-los bem lento,
Espíritos de luz em imagens de sombra,
E ao encadear estes números de arromba
Que um só dos teus olhares vê num só momento.
Vai, é poesia ainda que, em tua alma,
Exata pinta a álgebra em frases de chama
E a preenche toda com o divino elemento:
Pois o poeta vê sem regra
O verbo oculto das esfinges;
Para o céu tem olho de águia
E para a terra olho de linces.

( Tradução Paulo Leminski )

Post a Comment

Your email is never published nor shared. Required fields are marked *