Resolvi fazer uma pausa no “Moby Dick” (já passei da metade do livro) e estou lendo uma coletânea de entrevistas do cineasta Rogério Sganzerla editada pela Azougue e organizada pela Renata Canuto … a seguir um pequeno fragmento de uma conversa deste cinesta com outro grande gênio, Júlio Bressane, publicada em 27/08/95 na Folha de São Paulo, vejam que mesmo passados uma dúzia de anos, os pensamentos se mantém atuais:
Bressane – “(…)Há explicações de todos os sentidos, até econômicas, desta nova ordem, mas o que eu observo é que o que está se criando, e o que se criou, é o anticriador, a anti-arte, nessa ordem capitalista de usura em que estamos. Capitalismo sem capital. É a criação de uma mentalidade de peão. Os ídolos, os estímulos nacionais, são para a formação, para a cristalização do peão, do serviçal de estância, o peão da indústria financeira…”
Sganzerla – “É a bajulação eletrônica. A manicure da indústria de cosméticos. Acho que a novela é uma das grandes culpadas disso, Júlio, porque o consumo é tão desordenado – é novela das seis,sete, nove, dez. Isso não pode dar certo, sobretudo porque o país é lento, tem uma formação mental extremamente afásica e colonial. Então, é esse desapreço pela verdade. É essa instrumentalização toda da picaretagem que está gerando esta coisa monstruosa. Novela é um câncer.”
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