A DIVINA COMÉDIA
Até que enfim , acabei de ler “A Divina Comédia” de Dante Alighieri … por achar que esta obra só pode ser lida em um país que se assemelhe concomitantemente ao Inferno , ao Purgatório e ao Paraíso , decidi não lê-la no país platino ( onde passei uns dias ) , uma vez que tal nação não possui as características necessárias para tal fim … Voltando ao país dos mamelucos ( a pátria de Pindorama ) , concluí a leitura da obra …
Primeiramente gostaria de afirmar que Dante conhecia bastante de cabala : os céus de seu paraíso são semelhantes aos sephiroths cabalísticos , inclusive estão dispostos na mesma ordem ( ascendente ) : lua , mercúrio , vênus , sol , marte , júpiter , saturno , urano e plutão … Depois , diria que me surpreendeu a descrição dos santos : em vez de almas com mantos e auréolas , Dante descreve os santos como esferas de luz , que nem o disco voador que eu vi quando criança em Trabiju ( mas aí é outra estória ) …
Finalmente, me agrada um canto no qual eu acho que está a chave do livro : no canto XXI do Purgatório… depois de ouvirem um trovão e se assustarem , Dante e Virgílio passam ao sexto recinto ( o destinado aos ávaros ) … após um tempo percebem uma sombra os seguindo … conversam e o espectro explica que o trovão deveu-se ao fato de uma alma ( a dele , é claro ) estar sendo liberada ao Paraíso ( após purgar os males ) … a sombra declara ser Estácio , um poeta que se salvara graças a leitura de “Eneida” ( de Virgílio ) … Dante fica sem jeito , mas acaba revelando para Estácio a identidade de Virgílio … os três se congratulam e seguem para o Paraíso ( lá Virgílio não poderá entrar ) …
Será que do mesmo jeito que Estácio se salva por causa da “Eneida” , não pode o leitor moderno se salvar lendo “A Divina Comédia”???
Paralelamente li “Nove Ensaios Dantescos” nos quais Jorge Luis Borges discorre sobre vários episódios da “Divina Comédia” : as interpretações da estória de Ugolino , o Ulisses de Dante , a águia formada pelas almas dos reis justos e sua semelhança com um pássaro da literatura árabe chamado Simurg , e outros temas interessantes … mas el brujo de Palermo Viejo infelizmente não menciona este encontro de poetas …
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