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Recebi esta semana dois textos de Vinícius de Moraes , o primeiro , é artigo publicado em uma revista de culinária , enquanto que o segundo é uma poesia ( no caso um soneto ) nupcial :

“Para o jantar , uma galinha a molho pardo , um arroz bem soltinho e papos-de-anjo . Mas daqueles que só a mãe da gente sabe fazer . Daqueles que , se a pessoa fosse honrada mesmo , só devia comer metida num banho morno e em trevas totais , pensando no máximo na mulher amada .”

( Vinícius de Moraes * )

“Soneto de um Casamento

Na sala de luz lívida, sorriam

Sombras imóveis; e outras lacrimosas

Perseguiam lembranças dolorosas

Na exaltação das flores que morriam.

Em vácuos de perfume, descaíam

Diáfanos, de diáfanas mãos piedosas

Fátuos sons de brilhantes que fremiam

Entre a crepitação lenta das rosas.

Nas taças cheias acendiam círios

Votivos, e entre as taças e o lírios

Vozes veladas, nessa mesa posta

Velavam… enquanto plácida e perdida

Irreal e longínqua como a vida

Toda de branco perpassava a Morta.”

( Vinícius de Moraes ** )

* Enviado por Milton Silvério

** Enviado por Tânia Janeiro

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