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{ Monthly Archives } setembro 2002

Citação do dia :

“O tempo é um tecido invisível em que se pode bordar

tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um

túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima do

invisível é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do

outro”

( Machado de Assis )

Citação do dia :

“Le sots lisent un livre et ne l’entendent point ; les esprits médiocres croient l’entendre parfaitement , les grands esprits ne l’entendent quelquefois pas tout entier : ils trovent obscur ce qui est obscur , comme ils trovent clair ce qui est clair ; le beaux esprits veulent trouver obscur ce qui ne l’est point , et ne pas entendre ce qui est fort intelligible .” (*)

( La Bruyère )

(*) Os tolos lêem um livro e não o entendem ; os espíritos medíocres crêem entendê-lo perfeitamente , os grandes espíritos às vezes não o entendem inteirinho : eles acham obscuro o que é obscuro , como acham claro o que é claro ; os espíritos afetados querem achar obscuro o que não é , e não entender o que é muito inteligível .

EU NÃO PEÇO DESCULPAS

Recebi outro dia , com satisfação a mensagem do Geep e Maia parabenizando-me pela

homenagem que prestei a esta dupla de desenhistas no dia em que conquistamos o penta . Veja no site deles o gol do penta-campeonato e gol que o Pelé fez na final da Copa de 1958 . Observe também as conexões ( links para os que insistem em anglicismos ) com os maiores museus do planeta …

Citação do dia :

Chanson d’automne

Les sanglons longs

Des violons

De l’automne

Blessent mon coeur

D’une langueur

Monotone.

Tout suffoncant

Et blême, quand

Sonne l’heure,

Je me souviens

Des jours anciens

Et je pleure;

Et je m’en vais

Au vent mauvais

Qui m’emporte

Deçà, delà

Pareil à la

Feuille morte.

( Paul Verlaine )

A voice sings

Like viol strings

Through the wane

Of the pale year

Lulleth me here

With its strain.

My soul is faint

At the bell’s plaint

Ringing deep;

I think upon

A day bygone

And I weep.

Away! Away!

I must obey

Thid drear wind,

Like a dead leaf

In aimless grief

Drifting blind.

( Versão para o inglês : James Joyce )

Estes lamentos

Dos violões lentos

Do outono

Enchem minha alma

De uma onda calma.

De sono.

E soluçando

Pálido quando

Soa a hora,

Recordo todos

Os dias doudos

De outrora.

E vou à-toa

No ar meu que voa:

Que importa?

Vou pela vida

Folha caída

E morta.

( Versão para o português : Guilherme de Almeida )

A FADA DO LADO DE LÁ

Citação do dia :

“Cabo da Roca

( Portugal )

Mar marinheiros conténs

medo bravura : ondas encapeladas sereias

o extremo do conhecido e o enigma .

Há um marinheiro que

avança o passo

com saudades do futuro .

Não hesita em transpor o muro a roca :

todo se dá ao mar ao desconhecido ;

de si mesmo dizia : não sou ninguém .

O Nada o Tudo eu busco ,

são o Mesmo .”

(Dora Ferreira da Silva )

Hoje recebi este e-mail de um leitor desconhecido , que relata o atual paradeiro de Jacinto Pirilo ( ver publicado nos dias 25 de Julho e 18 de Agosto )

“Prezado senhor:

Pedimos sua atenção para o seguinte:

Estávamos em missão de trabalho, no Rio de Janeiro, no último fim de semana, quando fomos surpreendidos pela insólita presença de Jacinto Pirillo nas plagas cariocas. Visitávamos então o Museu da República (Palácio do Catete) e adentrávamos o quarto em que morreu o grande patriota, Getúlio Vargas, quando vimos um senhor afobado, com o olhar turvo, uma leve espuma em redor dos lábios, os gestos desarticulados. Quase um apoplético, diria Nelson Rodrigues.

Observando mais cuidadosamente, constatamos tratar-se de Jacinto Pirillo – metido em bermudas escandalosamente avinhadas, tênis de plataforma colorida e um t-shirt estampado com a face de Lobão. A seu lado, uma garota. Mas, que garota! Com os louros cabelos arrebanhados num coque lembrava a figura de uma jovem madona de Boticelli.

Fomos ao encontro desse parzinho de pombos. Jacinto, ansioso, engrolando as palavras, apresentou-nos a Cleydemara. Disse-nos que ela era a coordenadora de campanha de Rosinha Garotinho e que estava ali para estudar possíveis locações com a candidata, para os programas do horário político na televisão. A conversa variou por temas políticos, pesquisas eleitorais e possíveis e prováveis resultados. Cleydemara propôs que fôssemos ao Largo do Machado para comer pipocas (as melhores do Rio, na sua opinião.

Muito amável, convidou-nos para que à noite a encontrássemos num barzinho da Lagoa, onde cantava boleros, especialmente os de Agustin Lara (Maria Bonita, Solamente Una Vez, Besame Mucho e Desesperadamente).Às 22 horas tivemos a oportunidade de assistir, na doce e suave companhia de Jacinto, ao show de sua namorada. Não era um fenômeno, mas seu timbre de voz e sua interpretação lembravam muito Adelina Garcia e Elvira Rios.

Mal terminada a apresentação todos nós zarpamos para a zona do cais do porto (Gamboa, Santo Cristo e Saúde) a fim de acompanharmos uma passeata que fazia, na região, Antony Garotinho.

Ao fim da marcha por ruas e vielas desconhecidas (pelo menos para mim) acabamos num palanque eleitoral feericamente iluminado. Aí Cleydemara dirigia os artistas presentes, bem como ordenava a seqüência de apresentações. Sua irmã Zuleide Suely fez o número final. Um strip-tease ao som de um animado batuque hip-hop. Ao fim e ao cabo de muita excitação, plumas, gritos, assobios, veio ela em sumaríssimo biquini, o corpo escultural, com duas tatuagens coloridas: na coxa direita lia-se Garotinho Presidente e na coxa esquerda Rosinha Governadora.

Até, pelo menos, 6 de outubro Jacinto Pirillo estará acampado no Rio de Janeiro, nos melosos lábios de Cleydemara e nas vigorosa coxas de Zuleide Suely. Depois, dependendo dos resultados da urnas, seguirá para São Tomé das Letras. Acompanhado ou solitário? Com essa dúvida cruel ainda estamos hoje. E é por isso que registramos esses fatos no espaço que nos foi dado.

Saudações, ARNALDO MENDES.”

O ROMANCE DA AÇOUGUEIRA

I – A SEMANA FATÍDICA

– Benhêê … o que são estas crianças vestidas de Teletubies no vídeo ??? Benhêê …que é que você tá fazendo aí na fita ??? Meu Deus !!! Não , Não !!! O que que é isso !!! Que horror , que horror !!! Meu Deus , não , não pode ser …

– Querida … esta fita não …pelo amor de Deus … esta fita não …

Era tarde demais …Nívio Levi Tortoni esquecera aquele vídeo em cima do aparelho e naquele momento Anita Jambeiro Tortoni , sua esposa , assistia cenas pedófilas de seu marido gravadas provavalmete em uma viagem ao exterior …

A semana terminara para nossa protagonista com a ruína do seu casamento …

Vamos ver o que sucedeu no início do fatídico período de sete dias …

Ao acordar na segunda-feira , sentindo a cama vazia ( uma vez que o marido estava em um congresso de estórias em quadrinhos na Dinamarca ) , ela só de raiva resolveu demitir o funcionário mais querido de seu açougue … Temendo a reação de seus colegas de trabalho ( devido a sua enorme populariedade ) , Anita passou um e-mail para a sua secretária e só foi trabalhar no dia seguinte . Na verdade foi , mas não conseguiu pois no início da manhã de terça-feira o açougue BOITATÚ foi lacrado pela vigilância sanitária … A nossa amiga resolveu esperar até o final da semana , quando Nívio voltasse ao país , para se aconselhar com a cara metade …Na quarta-feira ela ficou pensando no finado pai , um gaúcho de Salto que chegando em São Paulo enriqueceu no ramo de carnes … Ele a ensinou tudo , os diversos tipos de corte , os segredos da conservação de carne … Anita lembrou do brilho amanteigado de seus olhos , na expressão de satisfação que seu pai fez quando ela sozinha , destrinchou o primeiro boi … Quinta-feira foi o dia do arrependimento , ela reconheceu que fizera uma injustiça , justamente com aquele que amava inconscientemente , aquele com que simpatizara por tê-la emprestado um livro de contos de Machado de Assis … Sabia que ele morava na R. William Blake no bairro de Jardim Gismar ; pois uma vez ele a vira carregando um volume de “Songs of Innocence and of Experience” , e afirmou: – “Sabe , eu moro em uma rua com o mesmo nome que o autor deste livro , lá ninguém imagina que foi ele.” … Foi meio difícil de achar a rua ( era perto da Av. Ellis Maas ) , lá perto , entrou em um boteco e perguntou : – “Alguém sabe onde mora um cara chamado Jonas Genival ???” … As pessoas sacudiam a cabeça negativamente , quando o dono do estabelecimento respondeu : – “Peraí gente … o Jonas é o fio da véia … é na casa vermelha que fica no meio do quarteirão .” … Mas foi em vão …ela tocou várias vezes a campainha e ninguém atendeu … Na sexta quando voltava do pedicure , Anita viu na esquina da rua que morava , uma velhinha fazendo um despacho … Quando se aproximou para observar a mandinga a anciã soltou uma gargalhada que soava como um roda-moinho, e depois disse : – “Você só terá sucesso quando ele subir … só quando ele subir !!!” …Naquele noite ela não conseguiu dormir direito …No dia seguinte tentou novemente pedir desculpas para o seu querido injustiçado mas novamente não o encontrou … A noite foi ao aeroporto buscar seu marido …

II – MUITO TEMPO DEPOIS

Anita Jambeiro ( retirara o Tortoni do sobrenome pois se separara daquele traste ) agora trabalhava como ascessorista no centro da cidade … alguns estranharão a natureza do emprego , porém o longo período em que ela passara nas câmaras frigoríficas de seu açouge , fez com que tomasse gosto por ambientes fechados …

Uma tarde a nossa protagonista se surpreendeu ao ver entrar um homem bem trajado , com gel no cabelo e um anel de ouro no mindinho … era simplesmente Jonas Genival !!!

Ele olhou para ela , disse : – “Boa tarde … para o sétimo por favor” e sorrindo começou a assobiar a bela canção denominada “Os quindins de Iaiá” de Ary Barroso. A música ficou o resto do dia latejando na cabeça de nossa amiga , que ao final do expediente ficou com um enorme desejo de saborear a supra-citada guloseima … Ao sair do serviço , caminhando pela rua Aurora encontrou um senhor de idade com suor escorrendo pela testa , que vestindo um paletó apertado ( apesar do calor ) oferecia quindins aos transeuntes … Anita ficou conversando com ele , descobriu que era uma pessoa bem formada que falava sete idiomas com fluência …comprou uma caixa de quindins e ganhou ainda um bilhete de loteria ( brinde que o exótico vendedor costumava a dar aos fregueses ) …

O bilhete foi premiado … ela não precisava trabalhar mais nos elevadores … nem ouvir aqueles gracejos infames dos boys de escritórios … só precisava agradecer ao velhinho dos doces … Naquele dia ela caminhou pela referida rua e na esquina desta via com a R. dos Andradas , avistou o simpático senhor tomando um chopp com ninguém mais , ninguém menos que Jonas Genival … Este olhou para ela sorrindo e disse : – ” Sente-se conosco … este é o melhor chopp do Brasil !!!”

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Comemorando o sete de setembro , publico uma versão do Pai Nosso em tupi , extraída do Catecismo da Língua Basílica do século XVI .

PAI NOSSO

Ore rub

ybákype tekûar

i moeté pyramo

nde rera toikó

Tour nde Reino

tonhemonhang

nderemimotara ybype

ybákype inhemonhanga iabé

oré remi’ú

ara iabiõ nduara

eimé’eng kori orebe

nde nhyrõ

oré anagaipaba resé orebe

oré rerekó memuã sara supé

oré nhyrõ iabé.

oré psyrõte iepé

tentação pupé,

oré moarukar umé iepé

Amen Iesu.